Policial

Juiz federal preso em Campo Grande é trazido para Cascavel

Umuarama – Juiz aposentado de forma compulsória desde 2008 por determinação do TRF4 (Tribunal Regional Federal da 4ª), Jail Benitez Azambuja, que atuava em Umuarama, no noroeste do Estado, foi preso no início da tarde de ontem pela Polícia Federal de Campo Grande, com o auxílio nas investigações e no cumprimento do mandado de prisão por agentes da PF da Delegacia Regional de Cascavel.

Segundo o delegado-chefe da PF em Cascavel, Marco Smith, Jail Benitez Azambuja deverá chegar nesta manhã a Cascavel, escoltado pelos agentes. Ainda não há confirmação sobre seu local de prisão, mas ao que tudo indica deverá ficar no Exército, em espaço destinado ao Estado Maior por se tratar de um magistrado e usufruir das suas prerrogativas legais da profissão.

O juiz não era considerado foragido, mas o mandado de prisão havia sido expedido ainda na última sexta-feira pela Justiça de Umuarama, onde ele foi titular da Subseção Judiciária e as investigações contra o magistrado tiveram início.

Ontem ele foi localizado em casa da família na capital sul-mato-grossense e não resistiu à prisão.

Azambuja é suspeito de ter forjado um atentado contra si mesmo, no fim de fevereiro de 2008, além de também ser investigado sob a acusação de envolvimento num atentado contra a casa do juiz federal Luiz Carlos Canalli, fato registrado em setembro de 2008 em Umuarama. Desde então eram realizadas as investigações e o processo contra ele corria em segredo de Justiça.

CONDENAÇÃO

Jail Benitez Azambuja não compareceu ao próprio julgamento, no qual foi condenado a seis anos e dez dias de prisão por falsidade ideológica de documentos públicos e por denunciação caluniosa pela 1ª Vara da Justiça Federal de Umuarama.

Relembre o caso

O primeiro atentado aconteceu em 28 de fevereiro de 2008 quando o juiz Jail Benites de Azambuja, da 2ª Vara da Justiça Federal, em Umuarama registrou disparos de pistola contra a própria casa. Os tiros atingiram um carro da Justiça Federal.

No dia 4 de março, 44 policiais e três políticos da região noroeste do Estado foram presos por suspeita de participação num esquema de contrabando de cigarros e produtos eletrônicos vindos do Paraguai. Azambuja participou das investigações e expediu os mandados. A expectativa era que as prisões ajudassem a elucidar o caso de atentado contra o juiz federal.

Em 11 de março os suspeitos começam a ser soltos por falta de provas e em 24 de abril um membro do comando da 2ª Companhia da Polícia Militar, em Umuarama, foi preso sob acusação de coagir testemunhas nos inquéritos que investigavam o atentado contra o juiz federal Jail Benites de Azambuja.

No dia 19 de setembro o juiz federal em Umuarama, Luiz Carlos Canalli, também sofreu um atentado. Mas, ao contrário de Azambuja, Canalli não atuava em processos contra integrantes do crime organizado. Canalli era o diretor do Fórum Federal de Umuarama e no dia 27 de setembro daquele ano Azambuja foi preso sob a suspeita de ter forjado o atentado contra si mesmo e de estar envolvido com os disparos contra a casa de Canalli. No mesmo dia, o motorista e jardineiro de Azambuja foi preso e confessou ser o autor dos tiros contra Canalli, mas negava ter agido a mando de Azambuja.

No dia 1º de outubro daquele ano o juiz Azambuja, que estava preso em Curitiba, foi solto. No início de setembro de 2009 uma ação penal contra três policiais militares começou a tramitar na comarca de Campo Mourão. Eles eram acusados de denunciação caluniosa e conluio para tentar incriminar cerca de 50 pessoas, a maioria policiais militares e civis, que acabaram presos em março de 2008, cinco dias após o suposto atentado ocorrido na casa do juiz federal Jail Benitez de Azambuja.

Ainda na época, o MPF solicitou a perda definitiva dos cargos públicos ocupados pelos policiais. O mesmo poderá ocorrer com o juiz preso novamente ontem.