Cotidiano

Jovem é enterrado após quase cem horas

enterroquerosene.jpgRIO – Entre o tiro que atingiu a cabeça de Carlos Eduardo Nogueira da Silva, de 19
anos, e o último adeus da família, passaram-se quase cem horas. Baleado na
última sexta-feira, pouco antes das 14h, no Morro do Querosene, onde morava, o
rapaz foi levado para o Instituto Médico-Legal (IML), no Centro do Rio, e
transferido depois para a unidade de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. De lá,
voltou para a capital, o que obrigou sua família a peregrinar em busca do
corpo. Violência – 13/06

RABECÃO ENGUIÇADO

As dificuldades dos parentes não pararam por aí: eles
tiveram que fazer uma ?vaquinha? para conseguir os R$ 2 mil necessários para o
enterro e acabaram obtendo a quantia graças a uma doação anônima. Ontem, quatro
dias depois da morte do jovem, o enterro, marcado para as 15h, só aconteceu duas
horas mais tarde, porque, no trajeto da funerária até o Cemitério do Catumbi, o
rabecão enguiçou.

Enquanto aguardavam o sepultamento, amigos e parentes
empinaram pipas com as iniciais do jovem, que vendia salgadinhos todos os fins
de semana para ajudar em casa. As homenagens incluíram flores brancas, cartazes
com pedido de justiça e dezenas de cocos verdes. Ele bebia a água da fruta ao
ser atingido por uma bala perdida. A família acusa PMs do Batalhão de Operações
Especiais (Bope), que faziam uma operação no Morro da Fallet, em frente ao
Querosene, pelo disparo que matou Carlos Eduardo.

? Tiraram a vida de uma criança. O Dudu tinha 19 anos, mas ele só queria
saber da pipa dele, de jogar bolinha de gude com os amigos. Nunca fez nada de
ruim para ninguém? lamentava Luis José Nogueira dos Santos, de 28 anos, também
vendedor de salgados e o mais velho dos 14 irmãos de Carlos Eduardo. Mãe de morto no Querosene fala sobre a tristeza de perder o filho