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Jornal: LaMia tinha patrimônio dez vezes menor que seguro para cada vítima do voo da Chapecoense

O patrimônio da empresa áerea LaMia, empresa área responsável pelo trágico voo que levava a Chapecoense para a Colômbia, era de apenas U$ 16,5 mil dólares (cerca de R$ 56,5 mil) em outubro deste ano. De acordo com especialistas, trata-se de um capital muito pequeno para uma companhia de aviação. O seguro de vida para cada passageiro em uma viagem internacional, por exemplo, chega a U$ 170 mil (R$ 583 mil).

As informações são do jornal boliviano “El Deber”, que teve acesso aos últimos balanços financeiros da companhia aérea. Segundo os analistas, trata-se de um grande risco permitir a constituição de uma empresa aérea com capital tão reduzido.

O patrimônio era insuficiente para arcar com as consequências de uma fatalidade como a que vitimou mais de 70 pessoas, entre jornalistas, membros da tripulação, jogadores e comissão técnica da Chapecoense no último dia 29, quando a equipe brasileira viajava à Colômbia para enfrentar o Atlético Nacional pela decisão da Copa Sul-Americana.

A Bolívia é signatária da Convenção de Montreal, de 1999, tratado internacional que estipula uma indenização mínima de U$ 170 mil dólares, paga pela companhia aérea, aos familiares de cada vítima em acidentes aéreos, sem contestação judicial. O capital declarado pela LaMia em seus balanço de outubro, de U$ 16,5 mil (ou 114.953 bolivianos, a moeda oficial da Bolívia) é dez vezes menor.

Até mesmo o capital inicial declarado pela empresa, de 150 mil bolivianos ou U$ 21,5 mil, ficaria distante das indenizações para as famílias das 71 vítimas do voo da Chapecoense. O economistas Carlos Hugo Barbery, ouvido pelo “El Deber”, chamou atenção ainda para o fato de que os valores de patrimônio da LaMia ficavam muito abaixo das tarifas cobradas pela própria empresa em cada voo, que oscilavam entre U$ 85 mil e U$ 100 mil. Isto é, as tarifas para cada voo fretado chegavam a cinco vezes o valor do patrimônio da empresa.