Cotidiano

Jornal 'La Verdad? suspende impresso por falta de papel na Venezuela

CARACAS — Sem circular desde domingo, o jornal venezuelano “Diario La Verdad” anunciou a suspensão da sua edição impressa por falta de papel. Esta é mais uma das dezenas de publicações que já se viram obrigadas a parar suas impressões por conta das dificuldades na obtenção de subsídios pelo governo nos últimos anos. Na Venezuela, a venda e a distirbuição de papel-jornal é controlada por um órgão público — que, segundo o jornal, não responde às suas constantes solicitações para receber papel.

“Esta falta de resposta é responsável pelo fato de que a partir de hoje os leitores do ‘Diario La Verdad’ não possam conseguir nossa edição impressa”, diz o comunicado publicado pelo jornal nesta terça-feira.

Em nota, o diário ainda fez um apelo pelo direito à informação e à liberdade de expressão na Venezuela e ressaltou a grave crise econômica que atinge o país.

“Agradecemos à solidariedade dos nostros leitores, anunciantes e distribuidores, que infelizmente não são alheios às dificuldades que impõe a escassez sobre seus inventários comerciais e as prateleiras de suas casas”.

O problema da imprensa venezuelana remonta a 2013, quando os jornais deixaram de receber subsídios do governo para a compra de papel-jornal. No ano seguinte, foi criado um órgão público, a Comissão Maneiro, que controla totalmente a venda e a distribuição. O resultado foi o fechamento de vários diários de linha independente. O primeiro, ainda em 2013, foi o gratuito “Primera Hora”, que deixou de ser impresso definitivamente por falta de papel. Depois foi a vez do “Antorcha”, de Anzoátegui, por falta de insumos. Se, em 2013, havia 115 diários no país, restam agora 94.

Em março, um dos jornais mais antigos do país, com mais de 80 anos de circulação, o “El Carabobeño” imprimiu sua última edição impressa, colocando, de uma só vez, cerca de 300 trabalhadores na rua. Na primeira página do jornal, toda preta, um editorial em branco denunciava o “golpe à liberdade”.

“Chegou o impensável dia em que o ‘El Carabobeño’ põe fim a suas edições impressas. É o resultado de um enfrentamento entre a verdade e o direito que os cidadãos têm de estar informados, e um governo que chegou ao poder através de artimanhas para administrar verba e instituições nacionais como melhor lhe convêm”, disse o editorial.