No meio de mais uma polêmica com a imprensa espanhola, o zagueiro do Barcelona Gerard Piqué anunciou no domingo que vai deixar a seleção da Espanha após a Copa de 2018. A notícia foi dada depois de ele ser acusado de cortar a camisa que usou na vitória do fim de semana sobre a Albânia, por 2 a 0, para não ter que exibir as cores vermelha e amarela da bandeira espanhola nas mangas. O jogador se defendeu, dizendo que cortou porque as mangas compridas estavam curtas e desconfortáveis. O jornal “AS”, de Madri, pediu desculpas nesta segunda-feira por ter repercutido em seu site, na véspera, as queixas e suspeitas de internautas nas redes sociais.
TABELA: Jogos e classificação das eliminatórias na Europa
Quando apareceu com as mangas cortadas, com uma blusa comprida, do tipo segunda pele, por baixo, Piqué foi alvo de vários comentários nas redes sociais. Muitos o acusavam de ter cortado a camisa como gesto de apoio aos separatistas da Catalunha, já que os uniformes de manga curta exibem as cores da bandeira da Espanha. Só que, como se soube depois, Piqué cortou uma camisa de mangas compridas, que não tem os detalhes em vermelho e amarelo. Sergio Ramos, companheiro de zaga e jogador do Real Madrid, jogou com uma camisa similar, sem as cores da bandeira da Espanha.
Num editorial na edição de papel do “AS”, o diretor do diário esportivo, Alfredo Relaño, se desculpou: “Ofereço aqui desculpas pela rapidez com que, durante vinte minutos, este jornal fez eco, na versão digital, da agitação das redes sociais, esse barulho inextricável (difícil de elucidar) do qual pouca coisa boa sai”, escreveu o jornalista.
Na internet o “AS” chegou a noticiar: “Piqué corta as cores da España das mangas”. Depois, esclareceu o fato. “Espero que Piqué pense melhor, como fez Messi (sobre a decisão de se aposentar da seleção)”, escreveu o diretor Relaño. O jornalista lembrou no texto que Piqué, em relação à seleção espanhola, “sempre foi exemplar”, destacando que o jogador nunca misturou política com esporte e que as declarações dele contra o Real Madrid jamais tiveram algo a ver com “La Roja”, como chamam a seleção espanhola no país.
Após o jogo contra a Albânia, pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2018, Piqué afirmou que deixaria de jogar na seleção ao fim do Mundial.
– O Mundial da Rússia vai ser a minha última competição com a Espanha. Não é pelo que aconteceu hoje, é por muitas outras coisas. Está pensado há algum tempo, não é uma decisão a (sangue) quente, ponderei muito e decidi assim – disse.
A polêmica da manga cortada foi mais uma envolvendo Piqué e o sentimento predominante em Madri de desconfiança com a postura dele de apoio à independência catalã. Mesmo com boas atuações pela seleção, o zagueiro de 31 anos invariavelmente é vaiado pela torcida, especialmente a da capital do país. Suas provocações ao Real Madrid, arquirrival do Barcelona, são interpretadas por muita gente da imprensa e da opnião pública como algo além da questão clubística. O jogador, porém, sempre mostrou dedicação e profissionalismo com a camisa da seleção. Piqué é campeão europeu e campeão mundial com “La Roja”.
