Esportes

Jogos noturnos, que acabam na madrugada, confudem horários dos jogadores de vôlei

Entrar em quadra após 22h30m requer mudanças fisiológicas para os atletas das seleções brasileiras de vôlei. A feminina já fez um jogo contra a Argentina nesse horário, e a masculina encarou o Canadá na ?balada?. E como essa deve ser a rotina nas próximas rodadas, foi preciso adaptar toda a programação dos atletas, desde a concentração em Saquarema, para evitar contratempos. Entre as artimanhas, mudança do horário de treinos e do jantar pós-jogo. Segredos Olímpicos: vôlei

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O Comitê Olímpico do Brasil (COB) montou um restaurante no Maracanãzinho para que eles possam comer logo após a partida e iniciar a digestão a caminho da Vila dos Atletas, na Barra.

? A digestão é um fator que ajuda no relaxamento, pode auxiliar na queda da adrenalina ? explicou o preparador físico da seleção feminina, José Elias Proença. ? Mas, agora, o que temos de avaliar é a parte de excitabilidade nervosa pós-jogo. Saber que horas elas de fato vão conseguir dormir. E só com jogo. Treino é diferente.

De acordo com ele, mesmo com os treinos em Saquarema das 21h às 22h30m, as atletas responderam bem às mudanças. Na Olimpíada, as partidas começam às 22h35m.

? É como quando viajamos para outro país, com a mudança de fuso horário. São cerca de três dias para a adaptação do corpo, do físico, e o início das reações intestinais. Algumas tiveram problemas gástricos, já que essa parte é a última a ter o ajuste mesmo.

Assim, segundo José Elias, o ideal é que as atletas comam algo leve pós-jogo, e que o intervalo entre um jogo e outro ou um treino seja de 12 horas:

? Antes do jogo, elas têm cardápios individuais. Tem atleta com pouca gordura que precisa de mais energia, mas outras não.

PARTIDAS NO HORÁRIO DA FOME

O técnico José Roberto Guimarães explica que, só agora, com o inicio dos jogos noturnos, terá ideia efetiva de como administrar o dia das atletas. Ontem, por exemplo, o treino com peso foi de manhã, e o na quadra, à noite.

Bernardinho, que ontem, antes do jogo contra o Canadá, deu treino às 12h (mais tarde que o normal), reclamou que o dia fica longo demais. Ele ainda lembrou que a final será às 13h.

O treinador teme os efeitos das noites mal dormidas e dias invertidos. Diz que ?não busca desculpas?, mas que isso pode minar fisicamente a equipe. E observou que um jogo com cinco sets pode acabar a 1h, mas que até chegar à Vila…

Zé Roberto comentou que mesmo com a tarde livre e longa, não há obrigação para que as atletas durmam nesse período.

? Tem jogadora que dorme, e tem quem não gosta de dormir à tarde. Lógico que ficar andando é um desgaste desnecessário ? pondera o técnico, que hoje comanda a seleção contra o Japão, às 22h35m.

Entre as jogadoras, não há consenso. Natália, por exemplo, prefere descansar à tarde para chegar bem no ginásio:

? Não costumo dormir cedo. Mesmo com sono, sempre arranjo algo para fazer. Mas agora vou ter de descansar.

Para Gabi, a preocupação é outra: a fome.

? O Zé falou para a gente se alimentar, chegar no quarto e repousar rápido, não ficar mexendo no celular. Não tem jeito, os horários não vão mudar. Eu sou mais da noite, mas o ruim é que 22h30m é o pico da minha fome. E vai ser a hora de jogar. Se pudesse comer arroz e feijão no meio do jogo, ajudaria muito ? brincou.