Cotidiano

?Joaquim? é recebido com frieza por jornalistas no Festival de Berlim

BERLIM ? “Preciso fazer alguma coisa com a minha raiva”, diz o alferes Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792) em cena do filme “Joaquim”, de Marcelo Gomes, que fez sua estreia na competição do 67º Festival de Berlim, no início da tarde desta quinta-feira (16).

O longa-metragem do diretor pernambucano acompanha o período de conscientização política do futuro líder da Inconfidência Mineira, antes, da construção do mito de Tiradentes. O filme foi recebido com certa frieza pela plateia de jornalistas, que encheu o Berlinale Palast, principal cinema do festival, com 1.600 lugares. Algumas palmas diplomáticas foram ouvidas ao final da projeção, já durante os créditos.

O filme começa com a imagem da cabeça do alferes espetada diante de uma igreja, sob a voz do próprio protagonista, interpretado pelo ator paulistano Julio Machado: “Muitas pessoas participaram do movimento da inconfidência, mas só eu fui morto. Talvez porque fosse o único pobre”, diz o personagem, em off, resumindo sua trajetória de único revoltoso morto pela Coroa Portuguesa, hoje “estudado nas escolas pelas crianças” e com direito a feriado nacional.

Screenshot_2.jpgEm seguida, a história retrocede ao tempo de suas expedições pelo interior de Minas Gerais, em busca de contrabandistas de ouro, durante as quais ele fez contato com os escravos que fugiram para os quilombos da região.

O filme é um dos candidatos ao Urso de Ouro deste ano. A cerimônia de premiação do Festival de Berlim acontece no sábado.