Cotidiano

Irmão de tunisiano suspeito de ataque em Berlim em choque: ?Peço que se entregue?

RIO ? Enquanto a polícia alemã caça o tunisiano suspeito do ataque terrorista que matou 12 pessoas na segunda-feira em Berlim, o seu irmão expressou choque sobre a notícia de que Anis Amri poderia ter atropelado a multidão que se divertia em um mercado de Natal. Ao jornal ?Die Welt?, Abdelkader Amri pediu que o irmão se entregasse caso fosse mesmo culpado pelo atentado, reivindicado pelo Estado Islâmico. As suspeitas são de que o jovem de 23 anos, que morava há um ano na Alemanha, estivesse envolvido com uma rede pró-jihadista que opera no país e já tenha usado várias identidades falsas.

? Não posso acreditar que tenha cometido o crime. Se é culpado, merece o castigo. Peço que se entregue ? afirmou Abdelkader Amri .

Além disso, Abdelkader ainda disse que soube notícias do seu irmão pela última vez há duas semanas. Ele suspeita que Anis ? que saiu de casa em 2010 e desde então não costumava conversar regularmente com a família na Tunísia ? poderia ter se radicalizado durante os quatro anos em que ficou preso na Itália. Já o pai do suspeito disse que não o via há mais de cinco anos.

Nesta quinta-feira, a imprensa local diz que as impressões digitais de Amri foram encontradas na porta do caminhão usado no ataque. A informação está sendo reproduzida por uma série de veículos de comunicação no país.

CAÇA PELA EUROPA

Enquanto isso, continua a caça ao suspeito tunisiano em vários países da Europa. A sua identidade foi descoberta depois que investigadores descobriram uma carteira com seus documentos no caminhão. Na Dinamarca, a polícia conduziu buscas em uma balsa no porto de Grenaa, após ter recebido pistas de que um homem parecido com Armi havia sido visto ali. No entanto, os policiais não tiveram sucesso na operação.

A Alemanha ofereceu na quarta-feira uma recompensa de até 100 mil euros em troca de informações que levem à prisão do suspeito. O imigrante chegou ao país no ano passado e estava no radar das autoridades alemãs desde junho. O seu pedido de abrigo foi rejeitado e o governo estava tentando deportá-lo depois de saber que estava planejando um ?ato grave de subversão violenta?, segundo um alto funcionário do governo. Ele acrescentou que o tunisiano tinha ligações com extremistas islâmicos.

A revelação de que o suspeito já era vigiado pelas autoridades alemãs, no entanto, aprofunda ainda mais os desdobramentos políticos do atentado em Berlim, apontando para falhas no sistema de deportação da Alemanha e provocando questionamentos sobre o acolhimento humanitário de refugiados empreendido pela chanceler federal do país, Angela Merkel. Só no ano passado, cerca de um milhão de imigrantes pediram asilo em solo alemão.

HISTÓRICO DE VIOLÊNCIA

Embora a grande maioria dos milhares de refugiados que chegam à Europa estejam fugindo de guerras e miséria no Oriente Médio e na África, Amri, segundo as autoridades, não fez parte da onda de imigrantes que entraram no continente pela rota principal, vindos por Turquia e Grécia. Em vez disso, ele chegou à Alemanha, no ano passado, via Itália, onde aparentemente entrou em 2012.

? Por que um requerente de asilo com tais antecedentes e sem passaporte estava andando pelas ruas alemãs é a questão para a qual 82 milhões de alemães provavelmente querem uma resposta ? afirmou o presidente da União Policial Alemã, Rainer Wendt. ? Por quanto mais tempo essas bombas-relógio estarão vagando por aqui? Vimos quanto dano uma pessoa pode fazer com um caminhão.

Em nota, promotores de Berlim informaram à agência Associated Press que tinham aberto uma investigação contra Amri no dia 14 de março, dando sequência a uma investigação das agências federais de segurança. Segundo os agentes, o tunisiano planejava conseguir dinheiro para comprar de armas automáticas para usar num atentado. De fato, Amri esteve envolvido em tráfico de drogas num parque de Berlim e se envolveu numa briga de bar, mas não havia nenhuma prova substancial sobre a possibilidade de executar um ataque terrorista e a vigilância foi cancelada em setembro.

A Rádio Mosaique informou que o suspeito também foi acusado de um violento assalto na Tunísia. E que também as autoridades do país interrogaram o pai sobre possíveis ligações de Amri com o Estado Islâmico.