Cotidiano

Irlanda do Norte terá novas eleições após escândalo político

Northern Ireland Government Crisis

BELFAST – O ministro da Irlanda do Norte no Reino Unido, James Brokenshire, acaba de anunciar que novas eleições serão marcadas para o dia 2 de março após escândalo que culminou com a renúncia do vice-primeiro-ministro da região, Martin McGuinness. Além disso, Brokenshire também dissolveu a assembléia da província, o que deverá ser efetivado dia 26 de janeiro. A decisão foi tomada por conta de uma polêmica envolvendo o alto escalão da política norte-irlandesa.

McGuiness deixou o cargo em protesto à maneira como a então primeira-ministra Arlene Foster lidou com um esquema envolvendo energias-renováveis. O caso já custou quase 500 milhões de libras aos cofres do governo. Conhecido como ?Escândalo do aquecimento renovável? pela mídia britânica, o caso foi de fraude no sistema de aquecimento do país, em um acordo que foi passado na época em que Foster era ministra de Empresas, Comércio e Investimentos e supervisionava a área.

Os norte-irlandeses irão às urnas para escolher uma nova assembléia após o colapso do poder executivo da região, que parou de funcionar por conta da renúncia do vice-primeiro-ministro. Sinn Fein, o partido nacionalista irlandês de McGuinness, se recusa a indicar um substituto ao cargo em retaliação às ações do partido DUP, pró-Reino Unido, do qual Arlene Foster é filiada.

Com base nas negociações de paz da ?Boa sexta-feira? de 1998, ambos os partidos da assembléia da Irlanda do Norte precisam governar em concordância para que novas eleições não sejam convocadas. O acordo surgiu após ondas de violência sectária que vitimaram mais de três mil pessoas no país, entre católicos e protestantes. Em caso de um governo esvaziado no aguardo de novas eleições ? a situação atual ? o controle político da região volta a ser exercido diretamente de Londres.

Em meio ao impasse, a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, tem tentado negociar um acordo entre o Sinn Fein e DUP. Para ela, é importante que a província esteja unida no momento das negociações do BREXIT, saída do Reino Unido da União Europeia que foi votada em junho de 2016. Do contrário, o poder de barganha dos 1,8 milhão de norte-irlandeses ficará comprometido. A Irlanda do Norte é vista como uma das áreas mais vulneráveis à saída do bloco, tendo em vista seus acordos de livre circulação com seu vizinho Irlanda.

?Sinn Fein não irá nomear outra pessoa para a posição de vice-primeiro-ministro. Agora cabe ao povo dar sua opinião?, disse Michelle O?Neill, ministra de Saúde, à Assembléia da Irlanda do Norte. As prováveis demandas do partido são uma maior gama de direitos para os falantes de irlandês e a comunidade LGBT do país, o que o DUP recusou.

McGuinness também deverá anunciar em breve se concorrerá ou não como líder do Sinn Fein nas novas eleições. O político disse que a votação será seguida por longas negociações sobre termos atualizados no acordo de compartilhamento de governo.