Cotidiano

Investigador que emitiu alerta sobre ataques de facção em SP será afastado

SÃO PAULO – Um agente do centro de inteligência policial de Araraquara, no interior de São Paulo, será afastado de sua função após emitir alerta de possíveis ataques de facção criminosa no Estado. ?Consta que no próximo dia 17 de janeiro o comando do PCC irá ordenar aos executores o tipo de ataque e o local onde cada um irá agir?, escreve ele em documento distribuído internamente na última sexta-feira. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o secretário de Segurança Pública de São Paulo (SSP), Mágino Alves, afirmaram não haver procedência.

? Liguei três vezes para o secretário da Administração Penitenciária (Lourival Gomes) para ver se tem procedência e ele negou ? afirmou Alckmin em conversa com jornalistas na manhã desta segunda.

? O trabalho de inteligência da polícia é permanente ? frisou o governador.

Ao lado do tucano, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Mágino Alves, disse que o agente será afastado da função por ter emitido o que ele chama de ?alerta falso e estranho?. Segundo ele, o monitoramento feito pela SSP e Administração Penitenciária de São Paulo (Sap) não indica esse risco.

? Aquilo que está sendo difundido na internet é informe de inteligência, e esses informes precisam ser demonstrados. Não tem a menor procedência. Já testamos todos os meios necessários, e não procede ? pontuou o secretário, para continuar:

? Quem emitiu aquele alerta é alguém que não sabe trabalhar com inteligência interna. Ele vai ser afastado da função. Vai ser substituído.

Ainda na conversa com jornalistas, Mágino foi instigado a avaliar como o PCC, que surgiu em São Paulo, se espalhou pelo país:

? Não é obrigação da autoridade da administração penitenciária cuidar dos demais estados. O secretário da Administração Penitenciária de São Paulo cuida com muita eficiência do sistema penitenciário do estado de São Paulo ? disse ele, encerrando o debate.

INGREDIENTES PARA REBELIÃO

Agentes de segurança que atuam em São Paulo, ouvidos pelo GLOBO, afirmaram que o Estado tem potencial para uma rebelião, por conta das superlotações e falta de profissionais dentro dos presídios. Apesar desses fatores, essas pessoas acreditam ser mais difícil acontecer algum motim.

? Os ingredientes para rebelião estão prontos, independente de facção, mas como Marcola está no RDD, acho difícil articulação com ele lá ? atentou um profissional, referindo-se a Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como um dos sete integrantes da ?sintonia final? do PCC, o estágio mais alto da hierarquia da facção. Ele foi para o Regime Disciplinar Diferenciado da penitenciária de Presidente Bernardes, no interior de São Paulo, no fim do ano passado.