Cotidiano

Investigações da Justiça não se confundem com agenda do governo, diz Temer

BRASÍLIA ? Um dia após a prisão preventiva de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara e correligionário do presidente Michel Temer, Temer afirmou, por meio do porta-voz, que a agenda política do governo não se confunde com investigações da Justiça. O porta-voz, Alexandre Parola, declarou ainda que o Poder Executivo “jamais” interferirá na Operação Lava-Jato.

? A agenda política, de recuperação e reconstrução do Brasil, não se confunde com investigações levadas adiante pela Justiça ? disse Parola, e completou: ? Na Operação Lava-Jato, relacionada à Justiça, o (Poder) Executivo jamais interferirá em suas decisões.

O porta-voz citou parlamentares ao falar da pretendida retomada do crescimento econômico, e disse que o governo será “firme” para responder a “urgências” do povo brasileiro.

É o primeiro posicionamento oficial do Palácio do Planalto desde a prisão de Eduardo Cunha nesta quarta-feira. Até então, ministros foram orientados por Temer, que passou a quarta-feira regressando do Japão, a não dar qualquer declaração sobre a decisão do juiz federal Sérgio Moro, com vistas a tentar descolar ao máximo a Lava-Jato do governo.

O porta-voz negou que Temer soubesse da prisão antes de decolar para o Brasil, e que o presidente teria adiantado a volta a Brasília por conta do fato. Parola declarou que a decisão de regressar 12 horas antes do previsto foi tomada na noite anterior.

Nas últimas entrevistas antes de ser detido pela Polícia Federal, Cunha havia atacado Moreira Franco, secretário do Programa de Parcerias e Investimentos, um auxiliar próximo do presidente Temer. Depois de receber Eduardo Cunha no Palácio do Jaburu, residência presidencial, em um domingo no final de junho, quando Cunha já estava afastado da Câmara, Temer havia dito que o encontro havia sido “natural”, uma vez que conversava com “todo mundo”.

Cunha prometeu escrever um livro sobre o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, dando a entender que incriminaria políticos. Na noite em que foi cassado pelos deputados, Cunha ameaçou:

? Amanhã será com vocês.