Política

Investigação dos pedágios sai das mãos de Sério Moro

Curitiba – O juiz federal Sergio Moro, da 13ª Vara Criminal de Curitiba, passou adiante o processo da Operação Integração, deflagrada como a 48ª fase da Lava Jato. A operação investiga supostas irregularidades em contratos de pedágio no Paraná.

No despacho com data de segunda-feira (11), Moro alega que não há correlação direta do caso em apuração com os desvios relacionados com a Petrobras e a empreiteira Odebrecht, ainda que se tratem de práticas ilícitas similares.

No documento, Moro ainda alega que está sobrecarregado de trabalho. Por distribuição, o processo foi para a 23ª Vara Criminal e deve ficar a cargo do juiz substituto Paulo Sérgio Ribeiro. 

O remanejamento, em tese, não invalida qualquer decisão tomada anteriormente. Está em negociação a delação premiada de Nelson Leal Júnior, ex-diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem, que é suspeito de ter favorecido concessionárias. Ele foi um dos presos quando a operação Integração foi deflagrada, em fevereiro, e acabou solto no fim de maio, possivelmente como parte do acordo de colaboração com as investigações.

Pedido

No processo, advogados de acusados tinham solicitado que o processo fosse remetido para Jacarezinho, cidade paranaense do Norte Pioneiro onde a apuração do caso começou, para outras varas federais ou mesmo para a Justiça Estadual. O despacho de Moro é uma resposta a essas demandas. Como a instrução da ação judicial, recebida em abril, ainda não começou, o magistrado considerou o momento oportuno para avaliar as pedidos das defesas.

Outras investigações

É a primeira vez que o juiz abre mão de um processo relacionado à Operação Lava Jato.

Já quanto aos casos que apuram irregularidades no governo estadual, segue nas mãos de Moro – e também da Justiça Eleitoral do Paraná, desde que foi remetido do STJ (Superior Tribunal de Justiça) em abril – o processo envolvendo a denúncia de doações irregulares feitas pela Odebrecht à campanha eleitoral de Beto Richa.

Parentesco da esposa seria motivo

Já o blog Contraponto revela outro motivo para a decisão de Sergio Moro. Se o juiz Sergio Moro não tivesse feito isso, lá na frente poderia ser considerado suspeito ou impedido de julgar o caso, pela simples razão de que uma das envolvidas no esquema – tanto na licitação para duplicação da PR-323 como associada ao consórcio Econorte – é a construtora Triunfo, cujo acionista maior é o empreiteiro Luiz Fernando Wolff de Carvalho. E esse mesmo Luiz Fernando é primo de Rosangela Wolff Moro, esposa de Sergio Moro. A relação de parentesco, ainda que indireta e “distante”, poderia ser motivo para se declarar impedido ou para um terceiro interessado suscitar sua suspeição.

Moro, ao que parece, preferiu outra saída: disse que, além de já estar com muito trabalho com os processos de que já cuida, ainda entendeu que, apesar das semelhanças, o processo não se enquadra na Lava Jato.

Nos dois casos examinados pela Operação Integração, o ex-governador Beto Richa tem seu nome citado. Há um delator explosivo e tão aborrecido com Richa quanto o ex-diretor da Educação Maurício Fanini, que nominou o ex-chefe e amigo como beneficiário do desvio de verbas investigado pela Operação Quadro Negro.

O delator da Operação Integração que implica a Triunfo e o sócio Wolff chama-se Nelson Leal Jr, ex-diretor do DER, amigo e assessor de Beto Richa desde os tempos em que este era vice-prefeito de Curitiba e secretário municipal de obras.