Cotidiano

Investigação contra Rosso por peculato e crime eleitoral chega ao STF

Rogério RossoBRASÍLIA – A investigação aberta contra o deputado Rogério Rosso (PSD-DF), por supostamente ter colocado servidores comissionados do Distrito Federal para trabalhar na campanha da deputada distrital (o equivalente a deputada estadual) Liliane Roriz, já chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF). Os fatos teriam ocorrido em 2010, quando Rosso era governador do DF. O caso era investigado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) local, mas, por ser deputado federal, Rosso tem foro privilegiado e pode ser julgado apenas pelo STF. O inquérito apura crime eleitoral e peculato, quando um funcionário público tira proveito indevido em razão do cargo que ocupa. Tanto Rosso como Liliane negam as acusações.

Um dos principais nomes do centrão – grupo de partidos médios na Câmara aglutinados pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – , Rosso foi derrotado pelo deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) na última quarta-feira na disputa pela presidência da Câmara. Deputado de primeiro mandato, Rosso começou apoiando a presidente afastada Dilma Rousseff, mas depois se aproximou de Cunha.

Em abril de 2010, Rosso estava no PMDB quando se tornou governador. Meses antes, em novembro de 2009, a Operação Caixa de Pandora expôs o escândalo que ficou conhecido como mensalão do DEM. O então governador José Roberto Arruda e o vice-governador Paulo Octávio caíram. O então presidente da Câmara Legislativa, Leonardo Prudente, também. O deputado distrital Wilson Lima foi eleito para o comando da Casa e, com a queda de Arruda e Paulo Octávio, Rosso se tornou governador interino. Uma eleição indireta foi organizada pela Câmara Legislativa, em que ele derrotou Lima.

Em 23 de abril de 2014, o delegado da Polícia Federal (PF) Manoel Vieira da Paz Filho indiciou Rosso e Liliane por peculato e crime eleitoral. Para isso, ele citou informações prestadas no depoimento de 23 pessoas nomeadas para cargos comissionados no DF.

“Durante a investigação criminal foi possível identificar que Liliane Maria Roriz, então candidata ao cargo de Deputada Distrital, solicitou para Rogério Rosso, que este nomeasse em várias Administrações Regionais do GDF, pessoas por ela indicadas, sendo que tais pessoas trabalhariam exclusivamente para sua campanha eleitoral ou indicassem outra pessoa para trabalhar no GDF, em troca de serviços voluntários em sua campanha eleitoral e consequentemente voto favorável a Liliane Roriz”, escreveu o delegado.

Em depoimento prestado na PF em março de 2014, Rosso negou ter tratado nomeações de cargos com Liliane. Segundo o termo de depoimento, ele disse que “jamais interveio nas administrações regionais sobre atendimento de nomeações de pessoas indicadas por Lilliane Roriz, nem determinou que tais pessoas não cumprissem o expediente administrativo” e que “sua determinação era exclusivamente que todos os servidores do GDF cumprissem com eficiência e que os secretários e administradores regionais tinham delegação para nomear pessoas que efetivamente trabalhassem e cumprissem efetivamente com suas responsabilidades”.

Ele disse ainda que conheceu Liliane Roriz em 1992, por meio de sua esposa, Karina Rosso, amiga da hoje deputada distrital. Destacou que, apesar de já ter participado da administração do ex-governador Joaquim Roriz, pai de Liliane, não teve o apoio da família dele quando assumiu o cargo de governador em 2010. Segundo Rosso, o clã apoiou o candidato derrotado Wilson Lima.

Em depoimento prestado na PF em 20 de novembro de 2013, Liliane alegou que, em razão do afastamento de seu pai da política, foi assediada por várias pessoas que trabalharam na campanha de forma voluntária. Ela disse acreditar que “tais pessoas tinham em mente uma possível contratação futura”, mas que nunca prometeu isso a elas. Como não atendeu tais pedidos, essas pessoas fizeram denúncias como retaliação, afirmou Liliane.