Cotidiano

Investidores só virão com redução de pedágio e melhoria na infraestrutura

Programa apresenta seis principais diretrizes para o desenvolvimento do oeste em curto, médio e longo prazos

Cascavel – Após cinco anos de intenso trabalho e de muito detalhamento a partir das ações das Câmaras Técnicas com envolvimento direto de pelo menos 300 voluntários que pensam a região para curto, médio e longo prazos, ontem foi o dia da validação de seis dos 21 pontos essenciais para o desenvolvimento e a consolidação do crescimento sustentável que vêm sendo trabalhados pelo POD (Programa Oeste em Desenvolvimento.

Pela primeira vez na história, o oeste tem o que alguns líderes chamam de cartilha para o desenvolvimento, o que dá à região – a mais jovem do Estado a ser colonizada – o status de primeira em todo o Paraná a ter esse plano formatado e que já conta com o envolvimento de todos os setores para que possa ser colocada em prática.

Participaram do encontro realizado no auditório da Amop (Associação dos Municípios do Oeste do Paraná), em Cascavel, ontem, líderes regionais da iniciativa privada, representantes de entidades e instituições públicas, da sociedade civil organizada, líderes políticos e representantes governamentais, entre eles do governo do Estado, como o secretário de Estado de Desenvolvimento Urbano, Silvio Barros, e o chefe da Casa Civil, Dilceu Sperafico.

Segundo o presidente do POD, Danilo Vendruscolo, entre as 21 prioridades, seis estão neste momento no foco principal, eleitas como aquelas que não se pode mais esperar e que gradativamente começam a sair do papel.

O assunto predominante e que consta no entendimento amplo está um dos pontos-chave a ser trabalhado: o da infraestrutura e logística.

Um ponto salutar defendido pelo POD está focado na revisão dos contratos de concessão dos pedágios que vencem em 2021. O programa defende, além das obras essenciais para otimizar a trafegabilidade e dar segurança aos usuários do anel de integração, a redução em 40% da tarifa, uma vez que as dificuldades e o encarecimento da logística tiram a competitividade do oeste.

 

Apesar de a região ser uma potência produtiva com a maior concentração de cooperativas agropecuárias do Estado, maior produtora de grãos do Paraná, possuir o maior plantel de aves do Brasil e um dos maiores de suínos, além de ser destaque em sua bacia leiteira, o POD avalia que, entre os problemas iminentes da logística e da infraestrutura, estão os gargalos logísticos que afastam grandes investidores. “Os grandes investidores não vêm para a região porque há dificuldade de logística. Sanando esses problemas com redução do pedágio em 40%, que é o que defendemos, e outro passo que deve ocorrer em longo prazo, quando o assunto é o novo modal ferroviário, teremos novos grandes investidores na região”.

Sanidade lidera lista de ações e prioridades

Não por acaso, a primeira na lista das seis ações na cartilha do desenvolvimento é a sanidade agropecuária, porque dela depende a cadeia que representa o maior impacto econômico no território onde estão 54 municípios, todos os atendidos pela Amop, sendo 50 do oeste. “Esse item está em primeiro lugar por termos uma economia de predominância no agronegócio, Vamos instalar os Conselhos de Sanidade em todos os municípios como um primeiro passo e primar por aspectos de sanidade (…) Quando as pessoas compram um produto, como o caso da carne, elas querem e precisam comprar qualidade. Precisamos dessa qualidade e de excelência no agronegócio”, explica Danilo Vendruscullo.

O segundo item está focado na infraestrutura e é um dos segmentos que mais representam gargalos ao avanço econômico da região. “Bastou uma greve de dez dias dos caminhoneiros para reforçar o nosso problema com a infraestrutura e a logística. Precisamos de mais facilidade para transportar nossos produtos e não ficarmos na dependência de um único modal. Os prejuízos da greve ainda são sentidos e podemos dizer que são incalculáveis, talvez os econômicos sejam sanados até o fim do ano, mas e os empregos que se perderam?”, questionou o vice-presidente do POD, Elias Zydek.

O presidente do programa, o empresário Danilo Vendruscullo, alerta que algumas ações precisam ser imediatas para estimular o crescimento. “Temos o pedágio mais caro [do país] que impacta no escoamento de produção e do transporte de suprimento de matérias-primas, mas temos outro importante ponto que é o Aeroporto Regional com um processo onde finalmente se conseguiu caminhar. A governadora Cida Borghetti deixou o depósito para desapropriação da área e o projeto vai ser reestruturado, mas ainda temos a expansão da ferrovia [de Dourados (MS) até Paranaguá (PR) passando por Guaíra e Cascavel], que é um projeto para médio e longo prazo, no qual se está caminhando com o estudo de viabilidade neste momento”, completou.

Deficiência energética que impacta na produção

O terceiro tópico da “cartilha” trata da questão energética, com déficit no abastecimento, picos constantes que impactam o setor produtivo, desde o campo até a indústria que preveem melhoria na distribuição e na geração, além das propostas para produção de energia limpa com isenção de tributos. “Sofremos tanto com a distribuição, como com a falta de energia, precisamos estimular a produção de energias alternativas além de isentar está forma de geração. Da forma como está prejudica o setor produtivo”, considerou Danilo Vendruscullo.

O quarto item está focado na expansão dos polos tecnológicos com incentivo à inovação levando as academias [universidades e faculdades] para dentro do setor produtivo e levar o setor produtivo para dentro das instituições de ensino superior. “Precisamos formar profissionais no meio acadêmico, tempos que encurtar esta distância para promover o desenvolvimento”, seguiu o presidente do POD.

O quinto item é o incentivo tecnológico a uma cadeia que vem crescendo com força total nos últimos anos e que já tornou o oeste o maior produtor no setor, o da piscicultura com olhos voltados à produção de tilápias. “Já se está trabalhando na melhoria genética do pescado e queremos nos tornar uma potência ainda maior neste setor. Já estamos neste caminho”.

O sexto tópico está pautado em um problema enfrentado por quase todas as cidades por todo o país: a designação correta do lixo urbano. “É preciso aprimorar o projeto de coleta seletiva e acabar com os aterros sanitários. Já temos tecnologias para transformar estas despesas dos aterros em fonte de renda com instalação de biodigestores e o processo de reciclagem eficiente”, explicou.

O secretário de Desenvolvimento Urbano do Estado, Silvio Barros, disse que as demandas já estão sendo encaminhadas pelo governo, que é totalmente sensível às propostas e de fomento ao desenvolvimento: “As demandas estão validadas e estão sendo levadas para o governo do Estado”, garantiu.

Seis demandas para o desenvolvimento do oeste
Sanidade
Infraestrutura e logística
Questões energéticas
Expansão dos polos tecnológicos
Incentivo tecnológico à piscicultura
Coleta e destinação do lixo urbano