Cotidiano

Invasões custaram R$ 350 milhões e 1,8 mil empregos

Números são de investimentos que a empresa deixou de fazer devido à insegurança provocada pelo MST

Quedas – O impacto social e econômico provocado pelas invasões dos últimos anos a áreas da Araupel, na região de Quedas do Iguaçu e Rio Bonito, é maior do que muitos podem imaginar. Os números foram apresentados no sábado a empresários e a líderes de setores organizados pelo sócio-proprietário da empresa, Tarso Giacomet. Diante da insegurança provocada pelas ações do Movimento Sem-Terra, a empresa abandonou um amplo projeto de expansão que alçaria o município e o entorno a um novo patamar no seu processo de desenvolvimento.

A Araupel deixou de investir R$ 350 milhões em novos projetos e 1,8 mil empregos previstos não foram criados. “Isso sem falar nos benefícios diretos que os novos complexos industriais trariam”, conforme afirmou Tarso Giacomet. Na conta de prejuízos provocados pelo MST estão danos causados em mais de três mil hectares de reflorestamento e na destruição do viveiro de mudas. Porém, não foram computadas perdas à economia do município e dos seus habitantes.

Retomada

“A partir de agora, com uma nova visão de governo e de respeito às leis, os planos de expansão poderão ser gradualmente revistos”, conforme o diretor. Embora tudo isso, Giacomet passou uma mensagem de otimismo aos presentes. Ele afirmou que o diálogo ajuda a reduzir a tensão na cidade e nas áreas invadidas e abre perspectivas para solução de uma questão que se arrasta há anos. Uma notícia citada como positiva por Tarso é a do recente retorno de funcionários da empresa à principal área de extração de madeira, na Pinhal Ralo, em Rio Bonito.

Indústria de R$ 150 milhões

Mesmo com todos os desafios dos últimos anos, o grupo procurou outros caminhos para realizar alguns dos projetos previstos, a exemplo da instalação de uma fábrica de molduras em Guarapuava e que dobra a atual capacidade da Araupel. A indústria exigiu investimento de R$ 150 milhões e dá emprego a 400 pessoas – o número dobrará em breve. Outra boa notícia, conforme Tarso Giacomet, é que o grupo acabou de fechar parcerias que garantem sustentabilidade em madeira pelos próximos 30 anos à indústria instalada em Guarapuava.

A nova unidade trabalhará em sintonia com a de Quedas do Iguaçu, onde a empresa em setembro completará 44 anos de atividades. Os números da Araupel só não são ainda melhores devido às invasões que o grupo sofre há 20 anos por integrantes do Movimento Sem-Terra, disse Tarso. As ações do MST levaram à formação de três assentamentos em área superior a 50 mil hectares, e que pertenciam à indústria – hoje ela tem cerca de 30 mil hectares.

Mesmo assim, o MST fez novas invasões nos últimos dois anos na região de Quedas do Iguaçu, trazendo prejuízos à atividade industrial, ameaçando empregos, criando dificuldades financeiras a terceirizados e promovendo uma brusca desvalorização imobiliária no município, ressalta o empresário. Em Quedas, a Araupel gera 1,2 mil empregos. Porém, são mais de dez mil pessoas que dependem dela. Tarso informou que a empresa conta com todos os títulos e documentos que comprovam que é dona da área desde 1913. “Nos próximos dias, o TRF4 deverá pacificar a questão sobre a Rio das Cobras, a menor das áreas em questionamento, o que é outra  grande notícia”, assegurou.

Retorno à principal área de corte

Durante meses a Araupel não pôde tirar madeira de suas principais áreas de corte, impedida pelo MST. Ela chegou a precisar buscar matéria-prima a 300 quilômetros de distância para não parar a indústria e preservar empregos.

No recente acordo com o Movimento Sem-Terra e a Justiça, o clima amainou porque a empresa colocou à disposição das famílias uma área de 190 hectares e que ficará a disposição delas até que o Incra encontre formas legais de assentá-las. O industrial Tarso Giacomet agradeceu o apoio da Caciopar e de outras entidades em favor do constitucional direito à propriedade. O presidente da Coordenadoria, Leoveraldo de Oliveira, reafirmou o apoio e disse que o respeito às leis e ao próximo é imprescindível para construir um país de sucesso social e economicamente forte. Depois do almoço, diretores da Caciopar e empresários fizeram visita técnica às instalações da Araupel.