Saúde

Internamentos crescem 522% em 12 dias e Paraná vive seu pior momento

Apenas ontem, Cascavel, Foz do Iguaçu e Toledo informaram, juntas, 12 mortes por complicações da covid-19

Internamentos crescem 522% em 12 dias e Paraná vive seu pior momento

Cascavel – A Macrorregional Oeste amanheceu ontem com apenas um leito de UTI Covid sem paciente, para o qual havia uma fila de 28 pessoas à espera. À tarde, boletim da Sesa (Secretaria Estadual da Saúde) indicava seis UTIs disponíveis, mas não informava quantos pacientes aguardavam transferência. “Nunca tivemos tantos pacientes como agora”, afirma o diretor de Gestão em Saúde da Sesa, Vinícius Filipak.

Segundo ele, o Paraná vive seu pior momento da pandemia do novo coronavírus, mas alerta que a situação ainda vai piorar. “Temos hoje 3.165 pacientes internados e a taxa de mortalidade é de 22 a 25%, ou seja, desses, entre hoje e duas semanas, esse percentual [696 a 791] não voltará para casa”.

Apenas ontem, Cascavel, Foz do Iguaçu e Toledo informaram, juntas, 12 mortes por complicações da covid-19.

Além disso, o Estado também registra recordes seguidos de pacientes com vírus ativo (com capacidade de transmissão) e ontem era de 150.694, quase 50% acima do observado no início do ano, o que confirma que a pandemia tomou proporções inesperadas e assustadoras.

Filipak revela que houve um aumento surpreendente de pacientes aguardando internação. Em 10 de fevereiro, o dia amanheceu com 45 pacientes aguardando internação, hoje passa de 280. “Tivemos um aumento de pacientes aguardando internação de 600% em 12 dias. Uma situação surpreendente, que mudou completamente o padrão”. E ele lembra que isso nem reflete ainda o feriado de Carnaval: “Se a pessoa for contaminada hoje, daqui a quatro dias tem sintomas, e de 7 a 10 dias se interna”.

Ontem, o governador Ratinho Junior disse que o governo pretende abrir 40 leitos de UTI no Estado nos próximos dias. Filipak explica que estão em negociação 46 leitos no noroeste e dez na Macrorregional Oeste, sendo quatro em Corbélia e seis em Francisco Beltrão, mas que isso depende da condição técnica do hospital. “Não existem leitos particulares a serem confiscados. Não tem mais leitos disponíveis”, confessa o diretor.

Diante desse cenário, Filipak admite que nos próximos dias pode ser discutido um protocolo para escolha de pacientes que serão internados em UTI. “Há hoje o critério clínico da central de regulação, e é o médico que determina. Não temos esse protocolo, mas não está afastado de se adotar um”.

Apoio de todos

Questionado sobre novas medidas restritivas, o diretor desconversa, dizendo que o governador, o secretário Beto Preto e outras áreas discutem as medidas que têm que ser tomadas, como mudança de bandeira, mas enfatiza que a única solução hoje é o envolvimento da população: “Vamos adotar na medida em que for possível, mas, sem a colaboração da população, a pandemia não terá controle. O esforço de todos é que vai determinar nosso futuro: ou todos vamos ganhar, ou todos vamos perder”.

Macro-Oeste fica sem UTIs; Paraná chega a 92%

Em boletim divulgado na manhã de ontem pelo Consamu, toda a Macrorregional Oeste, que abrange quase 2 milhões de habitantes, havia apenas um leito de UTI vago, naquele momento, com 28 pacientes à espera de transferência para a unidade de terapia intensiva.

À tarde, boletim da Sesa informava seis leitos de UTI em toda a macro (97% de ocupação), mas não dizia quantos ainda estavam na fila de espera. Muitos hospitais já usavam leitos de outras alas para assistir pacientes com covid-19.

O Paraná alcançou inéditos 92% de taxa de ocupação de UTI, com 100 leitos vagos em todo o Estado.

Ontem, havia 3.165 pacientes internados em alas covid-19 no Paraná, dos quais 1.777 estavam em UTIs, o maior número registrado desde o início da pandemia.

Com mais 2.078 casos confirmados e 14 mortes, o Paraná chega a 612.683 infectados pelo novo coronavírus desde o início da pandemia, dos quais 11.070 não sobreviveram.

O Paraná aplicou 354.453 doses da vacina contra a covid-19, sendo 284.460 da primeira dose e 69.993 da segunda. O Estado aguarda nova remessa de imunizantes.

 

 


Toledo endurece fiscalização

Toledo – O prefeito de Toledo, Beto Lunitti, deu ao novo secretário municipal de Segurança e Trânsito, Arthur Rodrigues de Almeida, a função de “autoridade sanitária”, ou seja, o policial federal aposentado pode realizar visitas, lavrar intimações e autos de infração, multar, suspender e interditar os locais se necessário. “A guerra começou e vamos com tudo. Nossas ações serão in loco em Toledo e no interior do Município. Pela manhã, vamos começar pelas padarias, vamos visitar o comércio, ir a restaurantes… Estaremos fiscalizando os locais de maneira rígida”, promete o secretário.

Segundo Arthur Almeida, caso seja constatada irregularidade, o local pode até ser fechado temporariamente. “Se obervarmos, por exemplo, falta de álcool em gel e ausência do uso de máscaras, o estabelecimento será notificado e deve resolver a situação. Se isso não acontecer e o local for reincidente, será fechado por 14 dias, que consideramos o prazo de incubação do coronavírus. Se voltarmos para fiscalizar e novamente estiver em desacordo com a legislação, ficará fechado por mais 28 dias”.

A Secretaria Municipal de Segurança e Trânsito já tem realizado operações em parceria com a Polícia Militar. Só no último fim de semana, acompanhado por oito guardas municipais e quatro policiais militares, o secretário Arthur visitou bares, restaurantes e áreas públicas.

Dos 18 locais fiscalizados, três foram notificados. “A orientação mais importante para a população e para os comerciantes é evitar aglomeração, isso é fundamental. Precisam manter o espaçamento, oferecer álcool em gel à clientela, usar máscaras. Não queremos nada além do que a lei determina e que não tem sido cumprido por algumas pessoas, infelizmente. Por isso, vamos fiscalizar com rigidez para que as medidas sejam respeitadas”, reforçou o secretário Arthur Almeida.

Em coletiva à imprensa, a secretária de Saúde de Toledo, Gabriela Kucharski, foi direta: “Estamos desde o início falando de liberdade com responsabilidade. As pessoas queriam liberdade, a gente deu. Mas cadê a responsabilidade?”

Cidades reforçam medidas de enfrentamento

Além de Toledo, que editou novo decreto restringindo o horário de funcionamento das 6h às 23h, prefeitos têm reforçado as medidas de enfrentamento à covid-19h.

O comércio de Santa Tereza do Oeste vai permanecer fechado pelos próximos 14 dias. Aulas seguem suspensas e os ônibus de linha intermunicipal vão funcionar transportando somente pessoas sentadas nos veículos.

Em Foz do Iguaçu, o decreto assinado pelo prefeito Chico Brasileiro estabelece horário limite para as atividades até as 23h, sendo proibidas reuniões ou festas com mais de dez pessoas.

A medida não agradou e trabalhadores do setor de eventos e gastronomia se manifestaram em frente à prefeitura, pedindo que o documento seja editado para que bares, restaurantes e eventos possam ficar abertos até a meia-noite.

Eles foram recebidos pelos secretários de Governança e Transparência, José Elias Castro Gomes, e de Turismo e Projetos Estratégicos, Paulo Angeli, e foi agendada nova reunião para a próxima quinta (25).

Em Pato Branco, no sudoeste, as novas medidas passaram a valer nessa segunda-feira (22) e, entre as restrições, bares e restaurantes podem atender apenas por delivery. Já as indústrias podem funcionar com 50% da capacidade. “Na semana passada, já tínhamos tomado várias medidas e, mesmo assim, o número de casos e óbitos não parou de crescer. Precisamos frear o contágio, por isso optamos pelo fechamento do comércio e de demais estabelecimentos”, disse o prefeito Robson Cantu.