Cotidiano

Informalidade cresce e setor anuncia paralisação

Atividade agora sente o pé no freio das construtoras

Medianeira – Quando se fala em recuperação econômica, um setor que costuma ser um termômetro da economia tem registrado elevado número de demissões que ultrapassam, com facilidade, as contratações. Se a construção civil no oeste do Paraná demorou mais tempo para sentir os efeitos da pior crise da história brasileira e foi possível segurar as pontas até meados do ano passado, registrou um baque no fim de 2017 e vai precisar de um bom tempo para se recompor.

Dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) revelam que o setor fechou no ano passado 926 postos de trabalho, considerando as seis maiores cidades da região, onde esses números são medidos: Cascavel, Foz do Iguaçu, Toledo, Marechal Cândido Rondon, Medianeira e Assis Chateaubriand. Metade disso, 457, apenas em dezembro. Apenas Medianeira fechou 2017 com mais contratações do que demissões no setor.

O resultado disso? Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de Cascavel e Região, Roberto Leal Americano, a explicação é preocupante: aumento da informalidade.

Roberto lembra que desde novembro do ano passado não há disponível uma única nova vaga para o setor no mural do sindicato. Este é o reflexo do pé no freio de grandes construtoras e incorporadoras que estão finalizando seus empreendimentos e não iniciaram nem têm expectativas imediatas para começar outros.

Essa espera pode levar pelo menos alguns meses, talvez até um ano, pelo menos até os ajustes políticos devido ao ano eleitoral. “Temos o caso de uma construtora de Cascavel que chegou a ter mais de 500 funcionários e que hoje está com 340 e a expectativa é de que vai dispensar em alguns dias pelo menos 110”, observa.

A situação que se repete pelas maiores cidades do oeste traz à informalidade, neste momento, quatro trabalhadores para cada dez formalizados. Até seis meses atrás, esse número não passava da média de 2,5 a 3 informais para cada grupo de dez trabalhadores com carteira assinada.

“Assim que um trabalhador deixa suas funções com carteira assinada ele começa a fazer bicos, ou seja, vai para o mercado informal. Tanto é que muita gente está fazendo reforma em casa agora porque, além da mão de obra estar mais acessível, encontra gente para trabalhar”, conta Roberto.

As possibilidades

Para fugir do mercado informal e não ficar desassistido da Previdência, por exemplo, a alternativa para trabalhadores do setor é se tornarem MEIs (Microempreendedores Individuais). Foi o que fez Idalino Correia. Ele procurou o Sebrae e a Sala do Empreendedor para se tornar um MEI depois que foi dispensado da obra em que atuava. “Pelo menos recolho o INSS e posso fazer meus trabalhos menores”, afirma.

Idalino não sabia, por exemplo, que como MEI ele não pode mais prestar serviços para a indústria da construção civil. “A indústria não pode demitir seu funcionário e contratar um MEI. Isso é ilegal. Tem acontecido na região e todas as vezes que identificamos fazemos denúncia ao Ministério do Trabalho”, afirma o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil, Roberto Leal Americano. “O MEI pode fazer reparos em residências, consertos em lojas e empresas, mas não pode ser contratado pela indústria da construção civil como trabalhador”, explicou. O rigor, afirma, é uma tentativa de evitar a terceirização indevida da mão de obra.