Cotidiano

Indefinição sobre volta das aulas afeta venda de material escolar

Até mesmo a lista de compras está bem menor neste ano

Indefinição sobre volta das aulas afeta venda de material escolar

Cascavel – Fim de ano e a maioria dos pais aproveita o 13º salário e as férias para comprar o material escolar dos filhos para o próximo ano letivo. Mas, como quase tudo o mais, neste ano isso também ficou diferente. Como consequência, as papelarias e as livrarias, que antes ficavam lotadas e com as prateleiras cheias de novidades nesta época do ano, agora estão praticamente vazias. Até mesmo a lista de compras está bem menor neste ano.

Desde que as aulas deixaram de ser presenciais e passaram a on-line, o uso de material pelos alunos diminuiu bastante. Muita coisa nem sequer foi usada. Mochilas, por exemplo, terminaram o ano praticamente novas.

Do outro lado do balcão, os empresários estão apreensivos e a projeção de venda é baixa. Isso porque, mesmo ante a expectativa de que as aulas presenciais sejam retomadas ainda que gradualmente, em 2021, ninguém consegue descartar a incerteza.

Por enquanto, o número de pessoas com a lista de material escolar na mão na loja em que a gerente Amanda Lisboa trabalha é tímido. “Percebo que os clientes estão optando por esperar. Ano passado, em dezembro atendíamos de 5 a 10 listas por dia. Em janeiro e fevereiro deste ano, chegamos a comercializar 20 listas num dia só. Agora, temos atendido em torno de 2 a 4 pessoas diariamente que vêm à loja para comprar material”, compara a funcionária.

Ela conta que, ano passado, as escolas da cidade enviaram as listas de materiais para os estabelecimentos no começo de novembro. As poucas instituições que já encaminharam neste ano relacionaram produtos mais básicos e em menor quantidade.

Se depender do consumidor, o setor vai ter que esperar para aquecer as vendas. As matrículas nas escolas para 2021 já foram feitas, mas muitos pais não pretendem comprar material escolar por enquanto, pelo menos até saberem como será o retorno às aulas ano que vem.

Janaína Moraes tem duas filhas, de 7 e 10 anos, que frequentam o ensino fundamental. “Já recebi as listas das escolas e normalmente aproveitava o 13º salário para comprar tudo em dezembro aproveitando os preços, mas, este ano, vou fazer diferente, porque já tem muita coisa em casa que não foi usada e elas vão reaproveitar”.

Cautela dos lojistas na hora de abastecer o estoque

A baixa procura reflete diretamente no estoque das lojas e faz com que os empresários sejam cautelosos na hora de investir nas compras, abrindo mão do planejamento convencional, quando os pedidos eram emitidos entre junho e julho, que eram suficientes para suprir a demanda da loja até o início do ano seguinte.

Dos cinco gerentes de livrarias e papelarias consultados pela reportagem em Cascavel sobre o assunto, três disseram que a opção este ano foi em não investir nas grandes compras e que, caso seja necessário, farão reposição em meados de janeiro. Uma das lojas manteve o volume de compras do ano passado. Outro lojista informou que estão aguardando as definições sobre o retorno das atividades presenciais nas escolas para só depois começar a comprar mais mercadorias. “O que pode acontecer também é as fábricas terem dificuldade para atender as distribuidoras quando as aulas forem retomadas. Antes, a produção acontecia o ano todo e elas começavam a fazer a entrega até setembro. Este ano, as indústrias desaceleraram a produção porque não tem ninguém comprando, por isso, quando as aulas voltarem, pode faltar material nas lojas caso o dono não tenha abastecido o estoque. Se for assim, a tendência é o preço aumentar”, alerta um dos empresários.

Produtos que não podem ser exigidos pelas escolas

Por causa da pandemia da covid-19, alguns produtos se tornaram essenciais para o possível retorno das aulas presenciais no ano que vem, entre eles o álcool em gel 70%.

Segundo o Procon do Paraná, esses produtos devem ser fornecidos pelas instituições e, portanto, não podem ser solicitados na lista de material escolar.

As escolas continuam proibidas de pedir itens de uso coletivo, de escritório e de higiene. Sabonete, escova e pasta de dente só podem ser solicitados se a criança estiver matriculada no período integral, e não deve haver exigência de determinada marca.

Máscaras de proteção facial podem ser incluídas na lista, a exemplo da solicitação de uniforme, mas os pais podem escolher o modelo e onde comprar.