Cotidiano

Importação vira estratégia para baratear os custos

Medida é adotada enquanto valor da saca está elevado e disponibilidade do produto em baixa

Toledo – Com o valor da saca do milho a R$ 45 no Oeste, frigoríficos de aves e suínos tiveram de adotar uma estratégia diferente neste primeiro trimestre do ano para suprir a demanda do produto e baratear custos. Uma das opções foi importar o grão, alternativa que movimentou principalmente o mercado paraguaio, que vendia, ontem, a saca a R$ 43.

A responsável pelo departamento técnico e econômico da Faep (Federação da Agricultura do Paraná), Tânia Moreira, confirma essa medida buscada pelas empresas que pretendem economizar enquanto o preço da saca permanecer nas alturas, e atribui esse cenário à baixa disponibilidade do produto no mercado interno visto o fluxo elevado de exportação.

Primeira safra

“Isso ocorre hoje em decorrência do volume pequeno de produção na primeira safra [de milho]. Desse modo, a importação se torna uma estratégia para as empresas que passam por um período de alta no preço do produto”, relata. Conforme a Seab (Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento), o volume exportado do grão chegou a dez milhões de toneladas entre janeiro e fevereiro deste ano contra as 37 mil toneladas importadas nesse mesmo período no Paraná.

A área cada vez mais reduzida na primeira safra de milho, que neste ano foi de 439 mil hectares no Estado, também é um dos fatores determinantes para que se procurem soluções cada vez mais econômicas. “O valor cobrado pela saca hoje é historicamente o maior de todos os tempos. Essa elevação se dá justamente pela escassez do produto, a redução de sua disponibilidade em várias regiões e o dólar alto, que durante o processo de conversão das commodities, acaba elevado. O fator exportação, que foi alto, pressionou os preços e reduziu a oferta para o mercado interno”, comenta o técnico do Deral (Departamento de Economia Rural do Paraná), Edmar Gervásio. 

Aposta

Uma das apostas para mudar esse cenário é o resultado da colheita da segunda safra de milho, prevista para o fim de maio. Conforme a Seab, a estimativa inicial de produção é de recorde, com 12,6 milhões de toneladas, cerca de um milhão a mais do que foi produzido na safra passada, numa área de 2,15 milhões de hectares. “A colheita ocorre só em maio e nesse período a disponibilidade do produto no mercado sobe e reduz a pressão às empresas. Quando começar a entrar o grão, o preço provavelmente cai”, explica Tânia Moreira. Enquanto isso, as importações devem continuar.

Safrinha

No Oeste do Paraná, o milho safrinha deve render aproximadamente 5,15 milhões de toneladas em uma área de 800.646 hectares. A regional da Seab em Toledo será a maior produtora na região se confirmada a estimativa inicial, com produção de 2,62 milhões toneladas. Já entre os 28 municípios que abrangem a unidade da Seab em Cascavel são pouco mais de 2,49 milhões toneladas em 378 mil hectares destinados à cultura.