Cotidiano

Impeachment: Base de Temer faz acordo para reduzir perguntas a testemunhas

BRASÍLIA – Os senadores da base do presidente interino Michel Temer fizeram um acordo para reduzir o número de perguntas que serão feitas às testemunhas no julgamento do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. O objetivo é evitar atrasos no calendário e garantir que o resultado definitivo seja conhecido até o dia 31.

Pelo acordo, fechado em almoço no gabinete de Tasso Jereissati (PSDB-CE) com representantes de cinco partidos, somente os líderes ou senadores indicados por eles fariam os questionamentos. Os depoimentos das oito testemunhas, duas de acusação e seis de defesa, terão início nesta quinta-feira (25) e deverão entrar pelo final de semana. A intenção é concluir esses depoimentos ainda no sábado.

? Vamos limitar as perguntas aos líderes ou senadores por estes indicados para que sessão não seja tão longa. Essas testemunhas já estiveram na comissão e prestaram seus depoimentos ? justificou o líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB), ressaltando que pretende fazer seus questionamentos apenas às testemunhas de acusação.

O líder do governo no Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP), pondera que nenhum senador será censurado por descumprir o acordo, mas reiterou o desejo de reduzir as perguntas.

? A orientação é evitar fazer perguntas ilustres, puramente discursivas. É não alongar desnecessariamente, não repetir perguntas que já foram feitas ? disse Aloysio.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse esperar ?bom senso? dos colegas para evitar que a sessão se alongue além do necessário.

? Eu espero bom senso, porque se as oitivas das testemunhas de defesa e acusação andarem rápido nós não precisaremos trabalhar no sábado e no domingo. Caso contrário, vamos ter que trabalhar, porque na segunda-feira vamos ouvir a presidente Dilma Rousseff ? afirmou Renan.

O líder do PT, Humberto Costa (PE), afirmou que os aliados de Dilma não abrirão mão de seus questionamentos e criticou a postura dos adversários.

? É uma tentativa de apressar um processo sem travar o debate político que precisa se fazer. Está claro para a sociedade que é um processo político sem base jurídica ? disse o petista.

INTERROGATÓRIO DE DILMA

Integrantes da base de Temer farão ainda uma reunião no domingo para traçar as estratégias para o interrogatório de Dilma, marcado para a próxima segunda-feira. Nessa fase não deverá acordo para redução de perguntas e a preocupação maior é de evitar uma vitimização da presidente.

? Nossa preocupação principal é permitir que ela se transforme em vítima, porque a vítima é o povo brasileiro e ela é a ré ? afirmou o tucano Cássio Cunha Lima.

O petista Humberto Costa reiterou que Dilma não virá com intenção de qualquer embate e que se algum senador for agressivo ou deselegante será ?problema do Senado?.