Cotidiano

Imigrantes tentam reverter onda xenofóbica na eleição holandesa

65372122_Leader of DENK think in Dutch the country%27s first party led by immigrants Tunahan Kuzu.jpg

HAIA – Com a extrema-direita nacionalista do Partido da
Liberdade (PVV) à frente das eleições do próximo mês na Holanda, o primeiro
partido do país liderado por imigrantes espera vencer a tendência populista
xenofóbica. Mesmo com poucas perspectivas de uma grande representação no
Parlamento, o Denk (?Pense?, em holandês) assumiu o lema de combater o ?racismo
institucional? ao criar um registro nacional de frases e expressões racistas,
trocar o termo ?integração? por ?aceitação? e cobrar um pedido oficial de
desculpas do governo pelos laços do país com o tráfico de escravos, no
passado.

O Denk foi lançado em 2015 por dois deputados expulsos do Partido Trabalhista
numa disputa sobre suas políticas migratórias. Agora, quer se apresentar para o
pleito de 15 de março como a ?única resposta verdadeira? ao discurso
anti-imigração e anti-islamismo do deputado anti-islamista Geert Wilders, líder
do PVV. O principal argumento do partido é a ideia de que muçulmanos são
?demonizados depois de anos de slogans e ataques de Wilders?, disse Geerten
Waling, da Universidade de Leiden.

? Enquanto o partido de Wilders é o partido do homem branco irritado, você
poderia dizer que o Denk é o partido do homem mulato irritado ? avaliou o
pesquisador político Aziz el Kaddouri, citado na mídia holandesa. ? Eles sentem
que foram abandonados.

Cenário fragmentado

Um colosso de 28 partidos compete pelas cédulas de 12,9 milhões de eleitores
em março ? um cenário político fraturado em um país já acostumado a governos de
coalizão. O Denk, por sua vez, espera ganhar o apoio de alguns dos dois milhões
de holandeses que têm pelo menos um pai nascido fora ou que sejam da União
Europeia. 65371963_Leader of DENK think in Dutch the country%27s first party led by immigrants Tunahan Kuzu R an.jpg

Pesquisas de opinião dizem que a legenda poderia alcançar um a dois assentos
na Câmara baixa do Parlamento, de 150 assentos. Segundo uma pesquisa do
Instituto EtnoBarómetro, cerca de 40% das pessoas de origem turca e 34% daquelas
de raízes marroquinas votarão no Denk.

Embora o Denk e o PVV sejam ideologicamente de polos opostos, têm paralelos.
Ambos foram fundados por deputados que deixaram partidos tradicionais; são muito
ativos em mídias sociais; o Denk ataca regularmente a imprensa, como faz
Wilders, e recorre a frases sensacionalistas para atrair manchetes. O partido
também não tem medo do confronto ? seu líder Tunahan Kuzu ganhou o noticiário ao
se recusar, em nome dos palestinos, a cumprimentar o premier israelense,
Benjamin Netanyahu.

? Eles certamente têm uma abordagem populista ? avaliou o analista político
Sjaak Koening, da Universidade de Maastricht.

Críticos afirmam que o Denk usa táticas agressivas como as de Wilders,
citando um ?tom divisivo? e a simpatia da legenda pelo presidente turco, Recep
Tayyip Erdogan, ? ao mesmo tempo em que se associa à grande comunidade
conservadora turca. Mas outro dos líderes da sigla, Farid Azarkan, garante que
quer liderar ?o partido de todos os holandeses?.

? Se Wilders publica uma imagem editada de um rival, não é polarização? Se um
partido cristão diz que seu Deus é melhor do que o nosso, não é polarização? Se
os jovens são excluídos da sociedade porque são muçulmanos, não é polarização? ?
questionou. ? Queremos nosso lugar na democracia. (Da AFP)