Cotidiano

Ikea anuncia recall de 29 milhões de móveis após quedas matarem seis crianças

NOVA YORK — A Ikea, marca sueca especializada em móveis de baixo custo, vai promover o recall voluntário de 29 milhões de baús e armários, informou a Comissão de Segurança do Produto do Consumidor (CPSC). O anúncio acompanha a confirmação de que, de 1989 a fevereiro deste ano, pelo menos seis crianças morreram ao serem atingidas na queda dos móveis — todas menores de 4 anos.

A empresa e o CPSC disseram à rede americana ABC que ao menos 36 pequenos ficaram feridos com o impacto das peças, que são propensas a soltar da parede quando não estão devidamente presas à estrutura. Na estratégia para retirar de circulação os móveis propensos ao acidente, a companhia vai oferecer a devolução total do valor das manufaturas produzidas entre 2002 e 2016 e o crédito parcial em compras na loja para os itens para quem detém o item há mais de 15 anos.

— Chega. Estes são produtos inerentemente perigosos e instáveis se as crianças estão em torno dele — ressaltou à ABC o presidente executivo da CPSC Elliot Kaye.

Haverá a opção também de receber um kit de reparo do móvel, que inclui um meio de ancorar melhor o produto na parede. Se o consumidor não souber ou não quiser instalar o reforço, a empresa vai se comprometer a enviar uma equipe a domicílio para fazer o serviço. Ainda assim, a empresa aconselha os clientes a colocar os báus e os armários em locais fora do alcance das crianças.

Em comunicado, a Ikea atenuou a falha do produto ao anunciar que “uma criança morre nos Estados Unidos a cada duas semanas por queda de móveis, aparelhos ou televisões”. No ano passado, a marca defende ter criado um programa de reparo para “comunicar a importância da devida instalação na parede” e ter distribuído 300 mil kits para aqueles que não fixaram o móvel da maneira correta originalmente. Apesar disso, a empresa decidiu levar adiante o recall “em razão das trágicas mortes”, até porque, diz o comunicado, “está claro que ainda há produtos inseguros na casa dos consumidores”.

Jaquelyn Collas hoje processa a Ikea depois de encontrar seu filho de 2 anos preso entre a cama e um armário da varejista, em 2014. Mais tarde, teve a morte do menino confirmada. Ela alega, em depoimento à rede americana, que a companhia não a havia avisado do perigo do móvel.

— Eu não sabia ancorar o armário e, a meu ver, eu nem deveria saber. Se não está devidamente preso, não é seguro. É um produto muito perigoso, se desfaçam dele — alerta a consumidora, que recebeu em resposta a negação da empresa de que teria havido negligência.