Cotidiano

Homossexuais são alvo frequente de execuções pelo Estado Islâmico

 ORLANDO — Os homossexuais — que compõem o maior número de vítimas do massacre em uma boate de Orlando — são alvo habitual do Estado Islâmico (EI). Nos territórios sob seu controle na Síria e no Iraque, os jihadistas já mataram dezenas de homossexuais nos útimos anos.

Um inquérito aberto nos Estados Unidos ainda deverá determinar as razões que levaram Omar Mateen, de 29 anos, a matar 49 pessoas em uma boate emblemática da comunidade gay em Orlando. O pai do atirador diz que ele recentemente se mostrou transtornado ao ver um casal homossexual trocando beijos durante uma viagem a Miami.

Contudo, o EI reivindicou este ataque, afirmando que um dos seus soldados atacou um clube noturno dos adeptos de Lot, como são chamados os homossexuais nos textos sagrados.

Desde o início da sua ofensiva no Iraque e na Síria, o grupo extremista tem difundido escritos e vídeos de propaganda para denunciar a homossexualidade. A prática é comparada ao adultério, à feitiçaria e a outros comportamentos julgados “desviantes” pelo EI.

Vídeos do grupo mostram as punições sofridas por quem é condenado por práticas de sodomia. As vítimas são jogadas do telhado de um edifício pu apedrejadas até a morte em público.

PUNIÇÕES BRUTAIS

A ONG Outright Action Internacional, uma associação de defesa dos direitos da comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros), reuniu cerca de 30 vídeos ou séries de fotos divulgados desde dezembro de 2014, mas não pôde confirmar a veracidade dos fatos.

O último registro data de 7 de maio e mostra um grupo de homens e meninos, alguns deles muito jovens, reunidos na província síria de Aleppo para assistir à execução da sentença contra um jovem.

A vítima é lançada do alto de um prédio de quatro andares e, em seguida, seu corpo é apedrejado até a morte, de acordo com fotos publicadas na internet.

Estas execuções são pronunciadas com base no código penal que o EI estabeleceu em 2014, inspirando-se, segundo eles, nos princípios da lei islâmica praticada nos primeiros dias do Islã.

Ativistas disseram nas redes sociais que, em algumas execuções, os homens tinham sido mortos por se oporem aos jihadistas, que utilizaram a sua suposta homossexualidade como um pretexto para matá-los.

O grupo denuncia frequentemente as práticas que considera desviantes nos países ocidentais. Sua revista Dabiq escreveu em 2015 que os muçulmanos que deixavam seus países em direção à Europa iriam se encontrar lá “sob a constante ameaça de prostituição, sodomia, drogas e álcool”.

No mundo árabe-muçulmano, os homossexuais muitas vezes enfrentam rejeição por parte das suas famílias, o ostracismo social e a prisão, sob leis que punem as relações sexuais “contra a natureza”.

Em alguns países como a Arábia Saudita, o Irã ou o Iêmen, as relações entre pessoas do mesmo sexo são puníveis com a pena de morte.