Cotidiano

Hollande pede que União Europeia apresente resposta a Trump

64607755_French President Francois Hollande delivers a speech during a joint statement at the Southe.jpgRIO – O presidente francês, François Hollande, pediu neste sábado à União Europeia que responda com “firmeza” ao americano Donald Trump, que comemorou o Brexit como “algo maravilhoso”. Links Europa

? Quando há declarações do presidente dos Estados Unidos sobre a Europa e que fala do modelo do Brexit para outros países, acredito que tenhamos que responder ? declarou Hollande durante uma reunião de cúpula dos países do sul da União Europeia (UE).

Horas antes de falar com Trump por telefone, o presidente francês também criticou a recusa do presidente americano de acolher refugiados e “as medidas protecionistas que poderiam desestabilizar as economias”.

Na sexta-feira, Trump mostrou seu entusiasmo pelo Brexit, que considerou como “algo maravilhoso” ao receber a primeira-ministra britânica, Theresa May, e destacou “a relação especial” entre Washington e Londres.

O novo presidente americano defende uma política protecionista que distancia os Estados Unidos de seu tradicional aliado europeu, por quem até agora mostrou pouco interesse.

? A Europa está diante de uma teste decisivo ? insistiu Hollande.

A mudança radical no comando dos Estados Unidos e as próximas eleições na Holanda, França e Alemanha não estão na agenda da reunião em Lisboa, mas suas consequências imprevisíveis estão na mente de todos.

A UNIÃO EUROPEIA, ‘SOZINHA’

A União Europeia está “sozinha” desde a posse de Donald Trump, reconheceu na sexta-feira o presidente do grupo europeu, Jeroen Dijsselbloem.

Como ocorreu na reunião de cúpula anterior, em setembro em Atenas, os sete países do sul da União Europeia debateram neste sábado sobre uma forma de liberar as travas orçamentárias europeias, diante da ortodoxia alemã, e favorecer uma “divisão mais justa” do “peso” dos refugiados.

Este encontro que reúne Portugal, França, Itália, Espanha, Grécia, Chipre e Malta terminará com uma declaração comum que pedirá uma União Europeia “forte e unida” e o crescimento econômico no continente.

O objetivo é entrar em acordo antes da cúpula europeia prevista para 3 de fevereiro em Malta, destinada a pensar sobre o futuro da UE sem o Reino Unido, e em 25 de março na capital italiana para comemorar os 60 anos do Tratado de Roma, que deu origem à União Europeia.

Entre os assuntos debatidos destaca-se a segurança e defesa, a crise dos refugiados e a imigração ilegal.

A União Europeia teme se encontrar diante de um fluxo “sem precedentes” de migrantes chegando na costa italiana, advertiu em meados de janeiro o primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscar, cujo país assumiu a presidência semestral do bloco.

A cúpula anterior de Atenas foi classificada pela direita alemã como uma reunião social, que pode semear a discórdia na Europa.

“No novo contexto criado pelo Brexit deve-se reafirmar a vitalidade e a unidade da Europa”, explicou à AFP uma fonte do governo português.