Cotidiano

Guri Assis Brasil lança sua 'Ressaca' no Rio, nesta quinta

GURI ASSIS BRASIL 1 crédito Gustavo Vargas.jpgRIO ? A tal tensão pré-segundo álbum parece não ter sido um problema para o gaúcho Guri Assis Brasil. Elogiado por seu trabalho de estreia, “Quando calou-se a multidão” (2013), o cantor, compositor e produtor abriu mão de qualquer amarra que o atrelava às melodias cruas e melancólicas iniciais e decidiu abraçar suas origens.

Natural de Santana do Livramento, que faz fronteira com o Uruguai, Guri ? que também é guitarrista e compositor da banda de rock gaúcha Pública ? explorou referências latinas como reggaeton, cúmbia e bolero e uniu Uruguai, Rio Grande do Sul, São Paulo e Pernambuco em “Ressaca”, disco lançado na primeira semana de agosto. Para tanto, se reuniu com o multi-instrumentista Paulo Kishimoto (Pitty), com o baixista Guilherme Almeida (Pública, Pitty, La Cumbia Negra) e com o baterista Thiago Guerra (La Cumbia Negra) em um sítio alugado em Itupeva (SP), que serviu como a base do processo.

Agora, Alexandre Assis Brasil, o Guri, traz sua ressaca e sua banda para apresentar o novo trabalho ao público carioca, nesta quinta-feira, na Lapa, em noite que contará ainda com show de seus conterrâneos da Wannabe Jalva, ex-participante do reality “SuperStar” que lança no evento seu primeiro single em português, “Mareá”.

Na véspera do show, batemos um papo com Guri Assis Brasil. Guri Assis Brasil – Ressaca

Seu primeiro disco, ?Quando calou-se a multidão?, foi financiado por crowdfunding. Agora, você conseguiu o edital da Natura, que costuma financiar grandes discos anualmente. No que exatamente isso influenciou no resultado final?

São projetos e maneiras opostas de se financiar um disco. Quando fiquei sabendo que meu disco tinha sido aprovado nesse grande edital, tirei um peso das costas, sabendo que correr atrás de uma verba para fazer um disco é algo muito, muito difícil. Acredito que a grande diferença foi em uma questão estrutural. Já sair com três shows marcados e com apoio da Natura é uma grande ajuda. Musicalmente, não muda em nada.

Você costuma dizer que Uruguai, Rio Grande do Sul, São Paulo e Pernambuco se encontram em “Ressaca”. O que tem de cada um nele? Como esses lugares te influenciam direta e indiretamente?

Eu nasci na fronteira do Brasil com Uruguai. Mesmo que eu quisesse deixar de lado isso na minha música eu não conseguiria. A cumbia, ritmo muito tocado por lá, é uma influência de lá. Quando me mudei para São Paulo eu estava aberto ao caos. O caos de tocar com tantos músicos de diversas partes do país, de misturar conceitos, de ser urbano e mais abrangente. A música de Pernambuco, por ter trabalhado com Junio Barreto, Otto, Lira e Pupillo não teria como não me influenciar. Acho que pernambuco entra nas melodias mais abrasileiradas.

Existe alguma relação entre o título do disco, “Ressaca”, e a declarada proposta de ir em busca de suas raízes? O que o título tenta apresentar?

Quem me conhece há mais tempo deve ter me conhecido pela noite ou em bares. Sempre gostei disso. De tomar cerveja com os amigos e levar uma vida sem muita rotina. Ao mesmo tempo, quando me mudei para São Paulo, passei a frequentar mais a praia, coisa que no Rio Grande do Sul eu não fazia. Tanto o litoral lindo aqui de São Paulo quanto as praias do Nordeste quando ia tocar com meus amigos de Pernambuco. Acabei escrevendo muito sobre o mar no disco. Acaba sendo uma ressaca do mar e a etílica também.

Apesar de ter tido um som mais cru, seu primeiro disco foi bem elogiado. Não teve um certo receio em incluir sintetizadores, em flertar com esses ritmos mais latinos e tudo mais? Acha que a “ousadia” acabou sendo premiada?

Olha, hoje em dia é tão difícil, mas tão difícil conquistar um público e fazer um carreira que cada vez menos eu penso com receio. Antes eu era mais ambicioso, me preocupava com o que as pessoas iriam achar e confesso que às vezes ainda me preocupo, mas cada vez mais quero me distanciar disso. Eu fiz o que estava escutando e sentindo, sem receios, foi muito natural.

Li uma entrevista em que você dizia, no começo do ano, que estava louco para fazer um show desse disco. As músicas tão soando exatamente como você planejava?

Os meus discos têm uma caracteristica de soar diferentes ao vivo. Os arranjos soam mais pesados, mais orgânicos. Eu gosto de ver essa diferença e acredito que o disco ganha força ao vivo. Acho que as músicas funcionam mais. Eu não sou de ensaiar muito, nesse disco me dediquei um pouco mais e estou bem satisfeito de como as coisas estão soando.

Você tem qualquer tipo de relação com a turma da Wannabe Jalva, que toca contigo no Rio?

São amigos de longa data. Em Porto Alegre, as pessoas do meio da música acabam se conhecendo. Nos encontramos muitas vezes pela noite e tenho uma amizade com eles. Musicalmente, há pouco começamos a fazer coisas juntos, apesar de serem sons bem disitintos. Em ?Casco?, a programação eletrônica é do Tiago Abrahão. Acredito que ainda vamos fazer mais coisas juntos por aí!

SERVIÇO

Guri Assis Brasil e Wannabe Jalva

Onde: La Esquina ? Av. Mem de Sá, 61 – Lapa.

Quando: Nesta quinta-feira, às 20h.

Quanto: R$20 (antecipado), R$30 (na hora).

Classificação: 18 anos.