Esportes

Guias de atletas recebem medalhas pela primeira vez na história

2016 938249964-201609121032073204_AP.jpg_20160912.jpgRIO – Glória no esporte parecia um sonho impossível para Jerome Avery, que não conseguiu entrar no time olímpico americano em 2000 e 2004. Mas, no sábado, no Engenhão, ele correu pelo ouro. Foi ao lado de David Brown, o corredor cego mais rápido do mundo atualmente, que levou o ouro nos 100 metros, categoria T11 (atletas totalmente cegos ou quase).

Apesar da deficiência, Brown disparou linearmente em sua raia graças a Avery, seu guia de corrida desde 2014.

? Ele é a voz que vem de dentro ? disse Brown. ? Ele tem sido um guia de corrida por vários anos, então sua experiência permite que eu me concentre somente em dar o meu melhor na corrida e nada mais.

Os guias auxiliam os atletas com deficiências visuais em esportes de pista e campo, equestres e futebol. Seu nível de comprometimento é comparável ao dos atletas que acompanham, treinando junto com eles diariamente. Esta é a primeira Paralimpíada em que estão recebendo medalhas.

2016 937600591-201609091907458835_RTS.jpg_20160909.jpg? Quando você está correndo sozinho, é algo mais egoísta ? disse Chris Clarke, guia da velocista Libby Clegg, que venceu os 100 metros na categoria T11 na sexta-feira. ? Como guia, tenho de cuidar da Libby, posicioná-la na largada e dar a ela os direcionamentos. É interessante, eu gosto disso. É como ser parte de um time de Fórmula 1.

Clarke e Clegg protagonizaram uma controvérsia na sexta-feira: ela foi desclassificada da semifinal porque Clarke teria a puxado durante a corrida, o que é contra as regras. A atleta apelou e a desclassificação foi revertida.

? Esta é minha terceira Paralimpíada. Não quero uma medalha com desonra ? disse Clark. ? Fiquei meio chateado com a alegação e estou contente pelo apoio da equipe.

2016 938263387-201609121238553315_AP.jpg_20160912.jpgO americano Lex Gillette e seu guia, Wesley William, trabalham juntos há nove anos e moram juntos em Chula Vista, na Califórnia.

? Basicamente, ele é meu irmão ? disse Gilette, que, na quinta-feira, pela quarta vez levou a prata paralímpica no salto em distância e celebrou no pódio com Williams a seu lado. ? Se eu preciso de alguma coisa, ele está lá para me ajudar.

Williams era velocista na Universidade da Califórnia, em Northridge, até ouvir um amigo falar sobre a função de guia de corrida. Ele foi a um local de treinamento da equipe americana, onde trombou Gillette.

Além de contribuir com Gillette na conquista da prata paralímpica e do ouro nos dois últimos campeonamentos mundial de salto em distância, ele participou da quebra do recorde mundial do evento. Quando o medalhista está se preparando para saltar, William se posiciona no meio da plataforma de salto, dando instruções. Ele pula para a direita ou para a esqueda, imediatamente antes do salto, dependendo de para onde acha que Gillette deveria ir.

? A gente treina diariamente, se posicionando de diferentes maneiras ? disse Williams.

2016 937594969-201609091841594645_AP.jpg_20160909.jpgNo ciclismo, o guia é chamado de piloto, senta na parte da frente da bicicleta dupla e precisa estar tão em forma e ser tão habilidoso quanto o atleta, pois ambos pedalam.

? Temos de manter a sincronia em tudo, e isso pode ser difícil ? disse a britânica Helen Scott, que acompanha a ciclista paralímpica Sophie Thornhill

RECORDE DE RECORDES

2016 938187860-201609120140054966_AFP.jpg_20160912.jpgBrown e Avery estavam juntos havia apenas alguns meses quando Brown quebrou o recorde mundial nos 100 e nos 200 metros, na classe T11, em abril de 2014. Foi a primeira vez em que os dois recordes foram quebrados pela mesma pessoa em apenas 24 horas.

Unidos por uma faixa que se amarra às mãos, eles correm com Avery dando direções para manter Brown na raia. Quando começaram a correr, a fita tinha 25,4 centímetros. Na medida em que foram se acostumando um ao outro, a corda foi encolhendo ? chegou a ficar com apenas 7,6 centímetros. Agora que estão em perfeita sincronia, a fita foi alongada novamente.

O recorde mundial conquistado por Brown nos 100 metros (10,92 segundos) ainda permanece. Ele é o único homem completamente cego a correr o trajeto em menos de 11 segundo. A dupla se autodenomina Time BrAvery ? a palavra ?coragem? (bravery) é formada pelas iniciais de Brown e o nome de Avery.