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Grupo usava redes sociais para planejar ato terrorista

São todos brasileiros simpatizantes do Estado Islâmico e que usavam as redes sociais WatsApp e Telegram para organizar um ato terrorista

Curitiba – O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, disse em entrevista coletiva concedida em Brasília, ontem, que o líder do grupo investigado e preso pela Polícia Federal na operação de combate ao terrorismo é de Colombo, na região Metropolitana de Curitiba. Levi Ribeiro Fernandes de Jesus, 21 anos, está detido na carceragem da Superintendência da PF na capital paranaense.

Ao todo foram feitas dez prisões em sete diferentes estados. São todos brasileiros simpatizantes do Estado Islâmico e que usavam as redes sociais WatsApp e Telegram para organizar um ato terrorista durante os Jogos Olímpicos, que começarão dentro de 15 dias, no Rio de Janeiro.

Cerca de 130 policias participaram da ação, que cumpriu mandados de prisão no Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraíba, Ceará e Amazonas. São dez mandados de prisão temporária (de 30 dias, prorrogáveis por mais 30), dois de condução coercitiva (quando o acusado é obrigado a prestar depoimento) e 19 de busca e apreensão.

As prisões foram autorizadas pelo juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal de Curitiba, e a operação foi batizada de “Hashtag”. De acordo com o magistrado, informações obtidas a partir da quebra de sigilo telefônico revelaram indícios concretos de que os investigados preconizam a intolerância racial, de gênero e religiosa, bem como o uso de armas e táticas de guerrilha para alcançar seus objetivos.

Célula amadora, mas perigosa

Alexandre de Moraes destacou que o grupo preso ontem era carente em organização. “Aparentemente, era uma célula absolutamente amadora e sem nenhum preparo, porque as mensagens eram 'vamos treinar artes marciais', 'vamos começar a aprender a atirar’”, comentou o ministro. Ele destacou, entretanto, que justamente por se tratar de uma célula desorganizada a questão da segurança pública “é muito mais importante e gera mais preocupação do que o terrorismo profissional”.

Foi no momento em que o grupo tentava se organizar que as forças de segurança agiram. “Eles passaram de simples comentários sobre Estado Islâmico e terrorismo para atos preparatórios. Várias mensagens mostram a degradação dessas pessoas, comemorando os atentados em Orlando [EUA] e em Nice [FRA]”, disse o ministro.

“Um deles entrou em contato com um site de armas clandestinas no Paraguai solicitando a compra de um fuzil AK 47 para a realização de uma operação. Foi o momento crucial [da prisão], que mostra o ato preparatório. Eles não tinham um alvo específico e apenas dois deles tinham contato. Eles inclusive já cumpriram pena de prisão por homicídio”, disse Moraes.

Operação inédita

Em nota, a PF informou que a Hashtag foi a primeira operação policial após a publicação da Lei 13.260/2016, que trata de terrorismo. “As investigações tiveram início em abril com o acompanhamento das redes sociais pela Divisão Antiterrorismo da Polícia Federal. Os envolvidos participavam de um grupo virtual denominado Defensores da Sharia e planejavam adquirir armamentos para cometer crimes no Brasil e até mesmo no exterior”, diz a nota. Os investigados vão responder pelos crimes de promoção de organização terrorista e realização de atos preparatórios de terrorismo. A pena para o primeiro crime é de cinco a oito anos de prisão, além do pagamento de multa. Para quem executa atos preparatórios, a pena varia de três a 15 anos de prisão.