Cotidiano

Grupo de consumidores da Itália entra com ação contra obra de Christo

RIO ? Provavelmente a obra de arte contemporânea mais fotografada em todo o mundo na última semana, a instalação ?Floating piers? (píers flutuantes), do artista Christo, está provocando polêmica na Itália. Hoje, segundo o jornal italiano ?L?Espresso?, o grupo Codacons ? Coordenação das Associações de Defesa do Ambiente e dos Direitos dos Consumidores entrou com uma ação no Tribunal de Contas da Lombardia para pedir esclarecimentos sobre o uso de verbas públicas para assegurar aos turistas que chegam em massa à região serviços básicos como limpeza, segurança e saúde ? a Legambiente, maior organização ambiental do país, calcula esses gastos em ? 2,8 milhões.

Segundo a associação, a instalação do artista búlgaro não está ajudando em nada os moradores. ?Há queixas consideráveis de comerciantes que não só não registraram um crescimento nos negócios, mas, na verdade, viram a retração das vendas?, argumenta o Codacons num comunicado. E acrescenta que a ação não diz respeito à obra em si, mas à falta de capacidade em administrar e organizar a passarela e seu custo para a comunidade. ?Hoje, diante do imenso fluxo de visitantes, é razoável concluir que houve falha nas previsões sobre o impacto real sobre as comunidades locais e os serviços essenciais?.

A previsão dos organizadores era de que 500 mil pessoas passariam por lá nas duas semanas de vida da instalação, que tem acesso gratuito. Mas desde sua inauguração, no dia 18 de junho, mais de 600 mil visitantes caminharam pelos três quilômetros de extensão da obra ? um sistema modular flutuante, no Lago Iseo, constituído por 200 mil cubos de polietileno de alta densidade, envoltos por um tecido amarelo brilhante, que liga as ilhas de Monte Isola e San Paolo e a cidade de Sulzano. A ideia do artista era que as pessoas se sentissem caminhando sobre a água ao percorrer as passarelas, que ondulam com o movimento.

O interesse provocado pela obra é tão grande que na última quinta-feira as autoridades locais foram obrigadas a impedir que cerca de 3.000 pessoas chegassem ao Lago Iseo ? elas foram mantidas na estação de trem de Brescia, a mais próxima. O argumento era de que as passarelas haviam sido danificadas pelo fluxo inesperado de visitantes, e precisavam ser restauradas.

Nesta semana, em vez de ficar aberta 24 horas, ?Floating piers? será fechada à noite. A obra foi planejada por Christo e sua mulher, Jean-Claude (morta em 2009) em 1970. Segundo o artista, o custo de ? 15 milhões foi bancado por ele.