RIO – Quem diria, a Guanabara virou Paris, e a Louis Vuitton
armou seu circo fashion em Niterói, onde apresenta hoje, no Museu de Arte
Contemporânea, a sua coleção cruise. Semanas atrás foi a vez da Chanel desfilar
em pleno Passeo del Prado, com direito a boinas de Che Guevara na passarela e
Gisele Bündchen na fila A. Quando junho chegar, a Gucci levará sua moda de mala
e cuia para Londres. A grife italiana vai fechar a Abadia de Westminster, a
mesma onde William e Kate se casaram e onde está enterrada Elizabeth I. Vamos da
euforia tropical à profanação fashion passando pelo socialismo de butique. Será?
chanel
Não é novidade que muitos dos clientes endinheirados das grandes grifes são
jet-setters, que viajam pelo mundo desafiando as estações. Se é inverno em
Londres, por que não aproveitar as temperaturas mais amenas do Mediterrâneo ou o
verão na América Latina? É para satisfazer esse cliente que existem as tais
coleções resort ou cruise, como a que a Louis Vuitton desfila hoje. Mas será
mesmo necessário um espetáculo desses?
IMAGEM É TUDO
Já faz algum tempo que grandes marcas da moda global procuram outras formas
de manter saudáveis os seus negócios refinados e caros por natureza (um produto
de luxo vale quanto pesa). Nos dias de hoje, ninguém consegue mais viver dos
poucos vestidos confeccionados para senhoras muito ricas, ou mesmo de perfumes e
acessórios. Além disso, grifes como Chanel, Louis Vuitton, Dior e Gucci
entenderam rapidamente o poder da divulgação de grandes espetáculos nas redes
sociais. A imagem conta ? e muito. A partir daí, tome viagem, desfiles
internacionais, celebridades e blogueiros na fila A. Ou melhor, blogueiro é uma
palavra fora de moda. São todos digital influencers.
Em tempos de Instagram e Snapchat, a moda segue apostando no novo.
Relaciona-se com as jovens estrelas das redes sociais, como fazem tão bem e sem
nenhum pudor a Givenchy e a Balmain. Algumas dessas influencers devem
estar, hoje, no MAC e na festa que a Louis Vuitton oferecerá a seus convidados
no Parque Lage. Mas mesmo que as plataformas e a plateia tenham mudado, a moda
aproveita esses desfiles para fazer aquilo que conhece melhor: criar fantasias.
Ou vocês acham que há loja da Chanel em Cuba?
