Cotidiano

Greve do transporte coletivo em Cascavel já dura 64 dias

Sindicato e empresas ainda aguardam decisão da Justiça do Trabalho

Greve do transporte coletivo em Cascavel já dura 64 dias

Em meio aos contratempos causados pela pandemia do novo coronavírus, o cascavelense tem mais um problema para lidar: a greve no transporte público, que reduz a frota nas ruas e o número de linhas disponíveis.

O impasse já dura 64 dias e está nas mãos da Justiça. Representantes do Sinttracovel (Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Coletivo Urbano de Cascavel) e das duas empresas responsáveis pelo transporte coletivo entregaram à 9ª Região do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) as informações solicitadas pelo desembargador Célio Horst Waldraff. O Ministério Público do Trabalho analisa o processo e só depois disso deve dar um parecer.

Enquanto a decisão não sai, apenas 65% dos ônibus permanecem em circulação nas ruas, com tabelas de horários que foram adaptadas pela Transitar (Autarquia Municipal de Mobilidade, Trânsito e Cidadania).

O presidente do Sinttracovel, Nelson Borba, disse que aguardam o Tribunal julgar o caso. Segundo ele, apenas um trabalhador teve desconto salarial, mas por outra razão que está sendo verificada.

Já a assessoria das empresas informou que o prejuízo acumulado nesse período passa de R$ 6 milhões. O transporte é um dos segmentos bastante afetado pela pandemia, pois teve a redução drástica de linhas no meio do ano, e uma queda significativa no volume de passageiros, a exemplo dos estudantes, que praticamente não tiveram aulas presenciais neste ano.

Greve chegou a parar 100% da frota

A paralisação dos trabalhadores do transporte coletivo foi definida em assembleia no dia 24 de setembro. A categoria deu prazo até 1º de outubro para que as empresas enviassem uma proposta, mas, como isso não aconteceu, a greve teve início no dia 5, quando 100% da frota ficou parada.

No fim daquele dia, uma liminar da Justiça do Trabalho determinou o retorno imediato de ao menos 65% dos ônibus, sob risco de multa diária de R$ 70 mil, já que no direito de greve prevê que ao menos 30% dos veículos deveriam continuar funcionando.

No mesmo dia, 100% dos ônibus voltaram a circular até o dia 9 de outubro, quando uma audiência de conciliação chegou a ser realizada, mas terminou sem acordo entre as partes, e desde então os grevistas mantêm 65% dos veículos rodando.

Reivindicações

Desde novembro do ano passado, o Sinttracovel reivindica o recebimento do vale-alimentação e reajuste salarial de 2,55%. Durante a tentativa de reconciliação, na audiência, o sindicato propôs que os valores fossem convertidos em vale-refeição desde a data-base, de forma parcelada, recebimento do retroativo do reajuste salarial e retomada do pagamento do vale-alimentação, mas as empresas não aceitaram.

A alegação das permissionárias é a situação financeira. Devido às restrições por causa da pandemia, desde 19 de março, o fluxo de passageiros era 40% do total, causando prejuízo acumulado de R$ 6 milhões e fazendo com que as empresas não conseguissem repassar os aumentos para os trabalhadores.