Cotidiano

Gravações indicam que ex-presidente da Transpetro ajudou aliados políticos

sergio-machadoRIO – Nova conversa gravada pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, divulgada pelo ?Jornal Nacional? da TV Globo na noite desta sexta-feira, mostra que Machado ajudou aliados políticos, entre eles o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) e, segundo investigadores, Gabriel Chalita (PMDB-SP), atual secretário de Educação da cidade de São Paulo. Nas gravações, não é possível saber a que tipo de ajuda ele se refere.

Gravações 26-05

Machado diz ter ajudado, a pedido do presidente interino Michel Temer, na campanha de Chalita à prefeitura de São Paulo em 2012. O ex-presidente da Transpetro pergunta a Sarney se o então vice presidente poderia participar de uma articulação para evitar que a investigação contra o ex-presidente da República fiquei com o juiz de primeira instância Sérgio Moro.

MACHADO: Você acha que a gente consegue emplacar o Michel sem uma articulação do jeito que está?

SARNEY: Não. Sem articulação, não. Vou ver o que acontecendo, vou no Michel hoje…

Na conversa, Machado revela que contribuiu com Temer, ajudando na campanha do “menino”, que seria Chalita para os investigadores, sem o conhecimento do presidente do Senado, Renan Calheiros:

MACHADO: O Michel presidente… lhe dizer… eu contribuí pro Michel.

SARNEY: Hum.

MACHADO: Eu contribuí pro Michel… Não quero nem que o senhor comente com o Renan… Eu contribuí pro Michel pra candidatura do menino [Gabriel Chalita, do PMDB-SP]… Falei com ele até num lugar inapropriado, que foi na base aérea.

SARNEY: Mas alguém sabe que você me ajudou?

MACHADO: Não, sabe não. Ninguém sabe, presidente.

APROXIMAÇÃO COM O SUPREMO

Nesta semana, foi divulgada uma série de gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro. Nelas, Machado e caciques do PMDB falam em articulações políticas para tentar barrar a Lava-Jato. Em um dos áudios, o presidente do Senado, Renan Calheiros, fala com Machado e Sarney em como acessar o ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo. Em outro diálogo entre Renan e Machado, os dois fazem críticas ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, chamado de “mau caráter”, e a políticos. Renan Calheiros também afirmou, em mais uma gravação, que tentou evitar a permanência de Janot no comando da Procuradoria-Geral da República (PGR). Uma quarta conversa também registrou reclamações do que Sarney e Machado chamaram de “ditadura da Justiça”.

Segundo a TV Globo, na conversa divulgada nesta sexta-feira, Machado e Sarney discutem uma tentativa de aproximação com ministros do STF. O ex-presidente volta a falar do ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Cesar Asfor Rocha, como uma pessoa ligada a Teori Zavascki, relator da Lava-Jato. Sarney afirma que Asfor Rocha “fez muito favor” a Teori. Machado reafirma que “ninguém sabe” que ele ajudou Sarney.

SARNEY: O Renan, eu falo com, eu mesmo falo com ele, mas eu prefiro falar assim com o César Rocha. Prefiro falar com o César.

MACHADO: Ninguém sabe que eu lhe ajudei.

SARNEY: Porque o César Rocha, o César, o César Rocha é que é o nosso cúmplice junto com o…

MACHADO: Com o Teori?

SARNEY: Com o Teori. Ele é muito, muito, mas muito amicíssimo lá do tribunal. O César fez muito favor pra ele.

MACHADO: O Teori era do tribunal do César?

SARNEY: Era. o Teori era do tribunal do César.

MACHADO: Sabia não.

O ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça Cesar Asfor Rocha negou ter sido procurado por José Sarney para intermediar uma conversa com o ministro do Supremo, para falar do processo contra o ex-presidente da Transpetro.

Ao “Jornal Nacional”, Michel Temer negou que tenha pedido doação a Sérgio Machado para a campanha de Gabriel Chalita. Ele disse também que não foi candidato nas eleições municipais de 2012 e não recebeu nenhuma contribuição. Também ao telejornal, a defesa de Machado disse que ele não pode se manifestar por conta do sigilo da delação premiada.