Cotidiano

Governo tenta esvaziar reunião de hoje do PMDB

O governo federal ainda conta com respaldo de uma ala importante do partido

Brasília – Com a avaliação de que a saída do PMDB do governo federal tornou-se “irreversível”, o Palácio do Planalto tenta agora esvaziar a reunião do diretório nacional do partido nesta terça-feira que definirá o desembarque oficial.

A estratégia, que foi discutida ontem entre a presidente Dilma Rousseff e ministros da sigla, tem como objetivo tentar deslegitimar o encontro com a ausência de caciques de peso, como o ex-presidente José Sarney e o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (AL).

Além disso, o propósito é tentar passar a mensagem pública que, apesar da decisão de saída, o governo federal ainda conta com respaldo de uma ala importante do partido.

Na reunião com a petista, os ministros do partido se comprometeram a não comparecer ao evento e a conversar com suas bancadas federais na tentativa de evitar presenças de deputados, senadores e dirigentes estaduais e municipais da legenda.

No encontro com a presidente, ministros peemedebistas avaliariam que a decisão do PMDB do Rio de Janeiro de apoiar o desembarque tornou a saída do partido “inevitável”.

Por se tratar de um dos grupos mais fortes da legenda e até então o mais próximo da presidente, a ala carioca era considerada a última esperança.

Na reunião, ministros peemedebistas também garantiram que atuarão contra o impeachment da petista caso tenham de deixar a Esplanada dos Ministérios.

A avaliação do Palácio do Planalto é que a saída do PMDB do governo federal não necessariamente implica no envolvimento de todo o partido no pedido de saída da petista.

Com a provável derrota nesta terça-feira, a ordem interna é tentar agora segurar a maior parcela possível do partido no movimento contrário ao impeachment. Nas palavras de um assessor da presidente, “amanhã (hoje) é uma batalha perdida dentro de uma guerra maior”.

PP, PR e PSD

Aliados da presidente Dilma Rousseff temem um “efeito manada” sobre a base do governo caso o PMDB confirme o rompimento com o Planalto em reunião de seu diretório nacional nesta terça. Os mais afetados tendem a ser PP, PR e PSD. O governo dá como certa a saída do PMDB, partido do vice-presidente Michel Temer, da base. Nas contas do Planalto, a ala rebelde do partido é agora majoritária e deve sacramentar a ruptura da aliança com o PT.

Juntos, PP, PR e PSD somam 121 deputados. Seus líderes têm dito que não veem sinal de reação de Dilma diante da crise.

Dirigentes nacionais dessas siglas têm sido pressionados por parlamentares a deixar o governo.