Cotidiano

Governo francês vai prosseguir com reforma trabalhista, diz Valls

2016 912480170-201605280839049909_AFP.jpg_20160528.jpgPARIS – O governo francês seguirá firme em seus planos de fazer a reforma trabalhista no país, de acordo com o ?Journal du Dimanche?, citando o primeiro-ministro do país europeu, Manuel Valls. Em paralelo, o governo vai retoma conversas com os sindicatos em mais um esforço para pôr fim aos protestos antes que comece a Eurocopa ? que, este ano, será sediada pela França.

O sindicato CGT organizou protestos, greves e bloqueios em refinarias, além de paralisações em transportes públicos como forma de pressionar o governo a repensar a lei que torna mais fácil a demissão e contratação de funcionários.

O primeiro-ministro da França, Manuel Valls, disse que está determinado a não se juntar a uma longa lista de políticos que cederam a manifestantes.

?Se nós cedermos às ruas e ao CGT porque nós estávamos obcecados com o curto prazo por causa de 2017 (quando acontecem as eleições presidenciais), nós perderíamos tudo?, disse Valls ao jornal francês ?Le Journal du Dimanche?.

Na década de 1990, o então primeiro-ministro Alain Juppé provocou uma das piores agitações no França em décadas porque não mudava seu posicionamento sobre a reforma da previdência, mas acabou recuando após semanas de mobilizações nas indústrias e protestos.

SAPIN: PLANO CRUCIAL

A disputa atual fez o índice de aprovação de Valls cair para 24%, o nível mais baixo desde que assumiu o cargo em 2014, de acordo com uma pesquisa feita pelo instituto BVA a pedido da Orange e do canal iTele. Juppé, por sua vez, se demitiu do posto em 1996, após sua taxa de aprovação ficar abaixo dos 25%.

Um plano para revisar as leis trabalhistas no país é crucial para provar a habilidade da França de fazer reformas, disse o ministro das Finanças francês Michel Sapin em entrevista à agência de notícias Reuters e a três jornais europeus.

? Em primeiro lugar, nós precisamos ser firmes ? ressaltou. ? Fazer de outra forma seria errado com respeito a (outros) sindicatos trabalhistas, a maior parte dos quais apoia o texto.

O CFDT, um sindicato mais moderado, propôs reformas que vão permitir às empresas demitir funcionários mais facilmente em momentos difíceis, mas que também dá aos sindicatos mais poder para negociar acordos unilaterais com companhias em vez de acordos coletivos nacionais.

EM CONTATO COM OS SINDICATOS

O governo está sob pressão para encontrar uma solução para o impasse atual antes do dia 10 de junho, quando começa a edição deste ano da Eurocopa.

?Eu não posso acreditar nem por um segundo que ele (o chefe do sindicato CGT, Philippe Martinez) vá fazer a França de refém, porque a imagem da França está em jogo?, afirmou o líder do Partido Socialista Jean-Christophe Cambadelis à rádio RTL neste domingo.

O primeiro-ministro entrou telefonou para todos as lideranças sindicais no sábado, segundo o porta-voz do governo Stephane Le Foll contou ao canal France 3.

?Esta é a prova de que nada está completamente terminado… Estamos prontos para discutir, mas não para desistir?, acrescentou Le Foll.

Uma fonte próxima a Valls disse à Reuters que, enquanto o primeiro-ministro e Martinez não conseguiram chegar a um acordo até agora, Valls tem procurado garantir aos sindicatos mais solidários que ele vai se manter firme ao texto apresentado no rascunho da lei.