Saúde

Governo diz que “ninguém é obrigado a tomar vacina”

Contudo, em fevereiro, o próprio presidente sancionou lei que permite a vacinação compulsória como forma de enfrentar a pandemia da covid-19

Foto: Isac Nóbrega/PR
Foto: Isac Nóbrega/PR

Brasília – A Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência) reproduziu em suas redes sociais nessa terça-feira (1º) uma fala do presidente Jair Bolsonaro de que “ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina”, referindo-se à vacina contra a covid-19.

Contudo, em fevereiro, o próprio presidente sancionou lei que permite a vacinação compulsória como forma de enfrentar a pandemia da covid-19

Na postagem, a Secom também afirma que “o governo do Brasil preza pela liberdade dos brasileiros”. “O governo do Brasil investiu bilhões de reais para salvar vidas e preservar empregos. Estabeleceu parceria e investirá na produção de vacina. Recursos para estados e municípios, saúde, economia, TUDO será feito, mas impor obrigações definitivamente não está nos planos”, diz a legenda.

Na noite de segunda, Bolsonaro foi abordado por uma mulher que lhe pediu a proibição da vacina contra a covid-19 por considerá-la “perigosa”, considerando o tempo que deve levar para ficar pronta. Para a apoiadora, “em menos de 14 anos, ninguém pode colocar uma vacina no mercado” e a solução seria proibi-la. “Ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina”, respondeu Bolsonaro a ela.

Em junho, o governo federal começou a participar de um acordo de cooperação no desenvolvimento tecnológico e acesso do Brasil a uma das vacinas em desenvolvimento para a covid-19. Considerada uma das mais promissoras do mundo, a vacina é desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela AstraZeneca.

O acordo prevê a compra de lotes da vacina e da transferência de tecnologia. Alguns estados também firmaram acordos por outras vacinas. São Paulo negocia a compra da Coronavac, droga desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac. Já o Paraná firmou acordo de cooperação com o Fundo Russo de Investimentos Diretos (RFPI, na sigla em russo) para a realização de testes, produção e distribuição de vacina em território brasileiro.

88% dos brasileiros tomariam vacina

Cerca de nove em cada dez brasileiros (88%) se vacinariam contra a covid-19 caso a vacina fosse disponível para a população. É o que mostra a pesquisa “Global Attitudes on a COVID-19 Vaccine”, realizada pela Ipsos com 27 países para o Fórum Econômico Mundial. No ranking do estudo, o Brasil aparece empatado com a Austrália (também com 88%) na segunda posição, atrás apenas da China, onde quase a totalidade (97%) dos entrevistados afirma que tomaria a vacina contra o coronavírus. No terceiro posto, está a Índia, com 87%. A média global é de 74%.

Dentre os entrevistados brasileiros que responderam que não se vacinariam, 63% justificam que se preocupam com os efeitos colaterais, 21% não acreditam que a imunização seria eficaz, 10% acham que não estão correndo risco de se contaminar com a doença, 7% são contra vacinas em geral, 2% declaram não ter tempo e 18% alegam outras razões. A questão possibilitava responder múltiplas alternativas.

Quase 4 milhões de infectados

O Brasil registrou mais 1.215 mortes em função da pandemia do novo coronavírus, chegando a 122.596 o total de pessoas que perderam a vida. Há 2.690 falecimentos em investigação. Os dados estão na atualização diária do Ministério da Saúde divulgada na noite dessa terça-feira (1º).

Também foram identificaram 42.659 novas pessoas infectadas. Com isso, o total de casos acumulados alcançou 3.950.931.

Ainda de acordo com o boletim do Ministério da Saúde, 669.239 pessoas estão em acompanhamento e outras 3.159.096 já se recuperaram.

A taxa de letalidade (número de mortes pelo total de casos) ficou em 3,1%. A mortalidade (quantidade de óbitos por 100 mil habitantes) atingiu 58,3. A incidência dos casos de covid-19 por 100 mil habitantes é de 1880,1.

Os estados com mais registro de mortes foram São Paulo (30.375), Rio de Janeiro (16.217), Ceará (8.447), Pernambuco (7.614) e Pará (6.176). As Unidades da Federação com menos óbitos até o momento são Roraima (593), Acre (616), Tocantins (687), Amapá (663) e Mato Grosso do Sul (889).

Em número de casos, São Paulo também lidera (814.375), seguido por Bahia (259.418), Rio de Janeiro (226.800), Minas Gerais (218.781) e Ceará (216.333). A novidade é Minas Gerais, que até semana passada estava na quinta posição, mas ultrapassou o Ceará.