LONDRES ? O ministro das Finanças britânico, o conservador George Osborne, ameaçou nesta quarta-feira aumentar drasticamente os impostos e cortar gastos públicos, caso os eleitores optem pela saída do Reino Unido da União Europeia (UE). O referendo que vai decidir o futuro do país no bloco europeu será realizado no próximo dia 23.
Segundo Osborne, um orçamento emergencial seria apresentado ao Parlamento dias depois da vitória do Brexit (abreviação de British Exit, que significa ?Saída Britânica? em inglês), o que pesquisas recentes dão cada vez como mais provável.
? Eu vou ter que subir muito a carga fiscal ou cortar serviços públicos como educação e saúde ou o orçamento da Defesa ? advertiu Osborne na manhã desta quarta-feira a uma rádio da BBC. ? Se houver o Brexit, acordaríamos em menos de uma semana sem um plano de viabilidade econômica, com uma profunda instabilidade financeira e anos de incerteza em que teremos de apertar o cinto. O país não será capaz de manter a qualidade do serviços públicos atuais.
O avanço dos partidários do Brexit coincide com o protagonismo da imigração na campanha eleitoral, uma consequência do forte aumento do fluxo migratório no país.
De acordo com a média dos levantamentos, elaborada pelo instituto de opinião What UK Thinks, os simpatizantes da saída do bloco lideram por 51% a 49%.
A declaração do ministro despertou a ira entre os eurocéticos e agravou ainda mais o impasse dentro das fileiras do Partido Conservador. Em um desafio sem precedentes, um grupo de 57 deputados conservadores anunciou que iria votar contra e bloquear o ?orçamento punitivo? de Osborne, caso ele seja apresentado.
Entre os parlamentares estão vários ex-ministros, mas nenhum membro da equipe da atual equipe do governo.
?Se o ministro prosseguir com estas propostas, sua situação seria insustentável?, afirmou o grupo de parlamentares.
O desafio destaca o quão difícil seria para a equipe do atual governo continuar no controle do país depois de uma eventual vitória do Brexit. O premier David Cameron insistiu no seu desejo de continuar no cargo, mesmo se ele perde o referendo, mas uma rebelião contra Osborne, em caso de vitória de Brexit, poderia precipitar o fim de um Executivo cuja possibilidade de negociações diretas de ruptura com a UE parece cada vez mais remota.
