Cotidiano

GO: Polícia suspeita que morte de candidato foi por vingança

Câmera de segurança Goiás

BRASÍLIA – Investigadores da Polícia Civil de Goiás suspeitam que o servidor público Gilberto Ferreira do Amaral, 53 anos, matou o ex-deputado federal e candidato à prefeitura de Itumbiara José Gomes (PTB) por vingança e não por motivos políticos. Nos últimos anos, Amaral tentou, sem sucesso, receber aproximadamente R$ 12 mil em horas extras relativas a uma parte do período que trabalhou na prefeitura de Itumbiara na gestão de Gomes, entre 2005 e 2012. Amaral atirou e matou Gomes quando o ex-deputado participava de uma carreata no final da tarde de quarta-feira.

Violência campanha

O ataque resultou também na morte do cabo da Polícia Militar Vanilson João Pereira, 36 anos de idade, que fazia parte da segurança do vice-governador José Eliton Júnior (PP). O vice-governador e o advogado Célio Rezende também foram feridos e estão internados na unidade de tratamento intensivo do Hospital de Urgências de Goiânia. Segundo informações dos médicos, os dois estão conscientes e em quadro clínico estável. Numa reação ao ataque, seguranças do vice-governador mataram o atirador.

Pelas informações da polícia, Amaral estacionou o carro dele, um Grand Siena, e esperou por aproximadamente dez minutos pela passagem da carreata liderada por Gomes e Eliton, entre outros políticos do estado. Quando a carreata se aproximava do local onde estava, Amaral saiu do carro e, com uma pistola PT .40 , disparou pelo menos 11 tiros contra Gomes e as demais pessoas aglomeradas na carroceria de uma caminhonete. Uma das balas entrou pelo ombro esquerdo e atravessou o peito de José Gomes.

O ex-deputado morreu antes mesmo de receber atendimento médico. O cabo Vanilson também morreu no local. O vice-governador e o advogado foram levado às pressas para Goiânia. Ataque durou menos de um minuto. Mas poderia ter sido pior. Amaral tinha um carregamento reserva com mais 11 balas. Quando retornava para o carro, onde estava antes do crime, o atirador foi atingido por tiros disparados por seguranças do governador e também morreu.

A secretaria de Segurança criou uma força-tarefa com 50 policiais para investigar o crime. Ontem, os policiais interrogaram testemunhas e fizeram perícia sobre arma usada do ataque. A pistola seria de uso exclusivo da PM.

? Estamos analisando a dinâmica do crime ? disse o delegado Gustavo Carlos Ferreira.

Oficialmente, a Secretaria de Segurança não fala sobre a motivação dos assassinatos. Mas reservadamente investigadores entendem que a hipótese mais provável é que o crime teve como origem uma reação desproporcional de Amaral. Ou seja, seria uma vingança. Amaral era funcionário de serviços gerais da Secretaria de Saúde do município. Ele trabalhava na prefeitura há 15 anos e tinha dois filhos. Vizinhos o teriam descrito como uma pessoa calma e aparentemente correta.

Numa busca que fizeram na casa de um dos filhos, policiais militares apreenderam 80 quilos de maconha. Para a polícia não há indícios, no entanto, de vínculos entre o suposto tráfico de um dos filhos com o ataque de quarta-feira.

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O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, viajou a Goiânia ontem de manhã para fazer uma visita ao vice-governador, no hospital. O ministro colocou a Polícia Federal a disposição das autoridades locais para auxiliar na investigação. No início da tarde, a Secretaria de Segurança chegou a informar que dois delegados federais participariam das investigações. À noite, a informação era o caso estaria apenas sob a responsabilidade das policias locais.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, manifestou preocupação com a violência neste período eleitoral. Segundo a assessoria do tribunal, para o ministro, o assasssinato do ex-deputado teria características de atentado.

? Estamos aguardando as investigações desse episódio chocante e deplorável por todos os títulos ? afirmou o ministro.

O prefeito Chico Bala (PTB) decretou luto oficial de três dias em Itumbiara. O governador Marcone Perillo, que estava nos Estados Unidos, informou que retornaria imediatamente a Goiás para acompanhar de perto os desdobramentos do caso.