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Givanildo Oliveira, o decano dos treinadores da Série A do Brasileiro

O currículo é mais vitorioso do que o de muitos times de sua longa trajetória no futebol brasileiro: 13 títulos estaduais, duas Séries B, uma Série C, Copa do Nordeste, Copa Norte e Copa dos Campeões. Nascido em Olinda há 67 anos, Givanildo de Oliveira é o técnico mais velho da Série A do Brasileiro e também o há mais tempo em atividade: a carreira começada em 1983 segue a pleno vapor, coroada com o título mineiro pelo América contra o rival Atlético no último domingo, e hoje tem sequência na estreia na Série A contra o Fluminense.

?Rei de Pernambuco? desde que foi duas vezes pentacampeão de seu estado, ainda como jogador (de 1969 a 1973 pelo Santa Cruz e de 1978 a 1982 por Santa e Sport), construiu longa carreira de técnico sempre com protagonismo regional, sem nunca ter chegado aos maiores holofotes nacionais. É surpreendente: em 33 anos, Givanildo, em sua quarta passagem pelo América-MG já treinou o Paysandu seis vezes; o Santa Cruz e o Sport cinco vezes cada; e o Remo também quatro vezes, e mais 17 outros times do futebol brasileiro, a maioria do Nordeste ou do interior paulista.

Jamais, nesse tempo todo, foi contratado por um dos 12 grandes clubes brasileiros.

? Não sei se não acreditam em mim ou não, não sei o porquê disso… Fui campeão da Série B duas vezes, tive vários (seis) acessos de divisão na carreira. Poderia ter acontecido, às vezes não acontece porque aquele lá de cima não quis ? diz Givanildo, imaginando que seu estilo talvez enfrentasse resistência, sem detalhar. ? Talvez se eu tivesse assumido um grande, talvez não conseguisse trabalhar direito, existem diferenças (em relação aos clubes ?menores?) que não casam comigo.

Treinador à ?moda antiga?, já foi alvo de críticas por uma suposta resistência em mudar sua forma de dar treinos, priorizando sempre os coletivos. Desde 1983 sem interromper a carreira por um ano sequer e sem trabalhar no exterior, é possivelmente quem mais conhece o futebol e os estádios do Brasil: já dirigiu times em todas as séries do Brasileirão e em nada menos que 12 estados do país, além do DF. Perguntado sobre o que viu mudar nas mais de três décadas no país da bola, escolhe um viés tático para a resposta.

? O futebol mudou muito desde que comecei a treinar, você tem de acompanhar. Um exemplo: o jogador que sempre foi o ?meia?, que trabalhava à frente dos volantes, hoje você vê a maioria dos meias jogando como pontas pelo lado, todos os times estão jogando assim.

CAMPEÃO NO FLU EM 1980

Além dos dez títulos do Campeonato Pernambucano como jogador, o ex-volante Givanildo esteve na campanha de outros dois estaduais marcantes: o Paulista de 1977 conquistado pelo Corinthians, saindo da fila de 23 anos sem títulos, e o Carioca de 1980, vencido pelo rival de hoje, o Fluminense, com o gol de Edinho na final contra o Vasco.

? Nos dois casos, eu tive problemas de família e saí do clube antes da final, mas foram passagens marcantes. No Corinthians, tinha feito um bom Brasileiro, fomos vice (contra o Inter, em 1976), mas estava com duas filhas pequenas, pedi ao (presidente) Vicente Matheus para voltar ao Recife. No Fluminense, joguei o Brasileiro, o Estadual e na fase final voltar para o Sport.

De Belo Horizonte, acompanha a espetacular fase do Santa Cruz, time com o qual é mais identificado e que deve enfrentar na 15ª rodada, em 17 de julho, no Independência.

? Fico feliz pela torcida, são dois títulos em uma semana, outro dia esteve até na Série D ? diz.