Cotidiano

Gim Argello pediu R$ 30 milhões, diz ex-presidente da Andrade Gutierrez

SÃO PAULO – Ex-presidente da construtora Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo prestou nesta quinta-feira o primeiro depoimento ao juiz Sérgio Moro após fechar seu acordo de colaboração com o Ministério Público. Azevedo foi uma das testemunhas chamadas pela acusação no processo contra o ex-senador Gim Argello, acusado de pedir propina para empresários em troca de proteção na CPI da Petrobras, em 2014, da qual era vice-presidente.

Em seu depoimento, o ex-presidente da Andrade Gutierrez afirmou que teve dois encontros com os então senadores Gim Argello e Vital do Rego, um deles também com a presença de Léo Pinheiro, presidente da OAS, em sua casa. Segundo Azevedo, Argello e Vital do Rego propuseram a criação de um grupo político que receberia, em contribuições eleitorais, um montante de R$ 30 milhões para montar uma estrutura de apoio para vários políticos. À época, Gim Argello fazia parte do PTB e Vital do Rego era senador pelo PMDB.

Após um segundo encontro com executivos da empresa, mas sem a presença de Azevedo, a Andrade Gutierrez teria decidido, no entanto, não fazer parte de tal grupo político. Questionado pelo juiz Sérgio Moro, Otávio Azevedo afirmou que a contribuição seria em troca de proteção na CPI nunca foi tratada explicitamente, mas chegou a essa conclusão.

– Por que que eu iria fazer uma contribuição? Só podia ser para um grupo que desse sustentação política de uma agenda da CPI, foi a nossa conclusão – afirmou.

A decisão de não fazer parte do grupo, de acordo com Azevedo, foi devido a um levantamento interno feito pela própria empresa e que a colocava em 12º lugar entre as empresas citadas no escândalo da Petrobras. A intepretação da construtora foi a de que ela não estava exposta o suficiente para se preocupar com isso e nós não deveríamos, numa CPI, fazer parte de nenhum grupo político.

No mês passado, o ministro Teori Zavasci, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a abertura de inquérito para investigar Vital do Rego, que atualmente é ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). Vital do Rego era o presidente da CPI da Petrobras e, de acordo com a delação do ex-senador Delcídio Amaral, teria pedido dinheiro para que não chamasse empresários envolvidos no esquema na estatal.