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Gilmar elogia trabalho de Dunga: 'Estamos no caminho certo'

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Alguns pontos são coincidentes entre a primeira passagem de Dunga como técnico da seleção, entre 2006 e 2010, e a atual: críticas ora ao estilo de jogo, ora às atuações da seleção, além de momentos de turbulência na relação entre técnico e opinião pública. A diferença é que, da primeira vez, Dunga teve a seu lado os resultados, que o sustentaram até a Copa do Mundo da África do Sul. Agora, os resultados podem tirá-lo do cargo em reunião nesta terça, na sede da CBF, assim que a delegação chegar dos Estados Unidos após a eliminação na Copa América.

Copa América – 13.06

Antes de embarcar para o Brasil, o coordenador de seleções, Gilmar Rinaldi, disse que Dunga estava mantido no cargo e seria o treinador nos Jogos Olímpicos. Acrescentou ter sido o responsável por solicitar a reunião de hoje com o presidente da CBF, Marco Polo del Nero, com as presenças de Dunga e do auxiliar Andrey Lopes. Segundo Gilmar, o encontro servirá para definir detalhes de uma lista prévia de 35 nomes, dos quais sairão os 18 convocados para os Jogos Olímpicos. Esta relação precisa ser enviada até quarta.

? Precisamos conversar com o presidente sobre a convocação. Tivemos algumas negativas (de clubes para ceder jogadores) e precisamos substituir. Há dois anos está definido que o Dunga será o treinador na Olimpíada ? disse Gilmar. ? Acredito que estamos no caminho certo.

A decisão sobre a troca da comissão técnica caberá a Marco Polo del Nero. O presidente da CBF contratou Gilmar e este, com a concordância de Del Nero, escolheu Dunga. Acontece que, ao longo de toda a atual passagem do treinador, e diante da forte pressão, Gilmar foi uma espécie de fiel escudeiro. O resultado foram duas imagens que se vincularam. Por vezes, o discurso parecia menos o de uma relação hierárquica entre o chefe do departamento e o técnico da seleção e mais uma dupla integrada dividindo funções no comando. Gilmar tinha atribuições gerenciais, mas sempre fez enfática defesa do trabalho de campo de Dunga. O quadro cria condições para a saída de ambos, caso a CBF decida promover a troca. Sob pressão para mudar o comando, Del Nero ganhou tempo enquanto a comissão técnica retornava de viagem e não se pronunciou sobre o futuro. Assim, não se comprometeu. Se a decisão for pela troca, Tite, do Corinthians, é o favorito a assumir o cargo.

No ciclo que antecedeu a Copa de 2010, Dunga venceu duas das três competições mais importantes que disputou. Cheio de desfalques, ganhou a Copa América de 2007, batendo a Argentina na final por 3 a 0. Depois, ganhou a Copa das Confederações. Sua única queda foi nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, coincidindo com sua maior instabilidade no cargo. Antes do torneio olímpico, o time de Dunga ficara três jogos sem vencer: perdera um amistoso para a Venezuela, no mesmo estádio de Boston onde foi eliminado da Copa América pelo Peru, no último domingo; além de ter perdido para o Paraguai, pelas eliminatórias, e empatado com a Argentina.

Após quase dois anos de trabalho, ou metade do ciclo pré-Copa do Mundo de 2018, Dunga venceu só cinco dos 13 jogos oficiais disputados. Convive com a crise de resultados, mas também com a indefinição de um time e de um modelo de jogo. Na Copa América, ensaiou um estilo com mais passes e posse de bola. Só que o fez após dois anos caminhando em direção oposta, com um time voltado para o jogo de velocidade.

As listas também foram mexidas com imensa frequência, sem consolidar uma base. Na Copa América, dos 23 convocados, só nove estavam na primeira lista de Dunga, em agosto de 2014. E mais: metade da relação era diferente da convocação de um ano antes, para a Copa América do Chile. A falta de um grupo definido, de uma base, tornou-se obstáculo ainda maior diante da quantidade de estreantes em grandes competições. Dunga levou aos Estados Unidos só três jogadores que Felipão usara na Copa do Mundo de 2014.