Cotidiano

George R. R. Martin: ?A eleição teria sido diferente se Hillary tivesse dragões?

GUADALAJARA ? George R.R. Martin, autor das ?Crônicas de gelo e fogo?, que deram origem à série de TV ?Game Of Thrones?, participou nesta sexta-feira da Feira Internacional do Livro (FIL), em Guadalajara. Na entrevista coletiva, com uma hora de duração, dois assuntos eram proibidos: a saúde do autor e o próximo livro da saga, que os leitores esperam há cinco anos. Com essas restrições, a eleição americana acabou se tornando um dos temas principais da conversa, com Martin lamentando a vitória do republicano Donald Trump.

? O impensável aconteceu e estou preocupado. Me consterna. O que vai acontecer, eu não sei, mas me preocupa ? disse, apostando que em Westeros o resultado da eleição poderia ser diferente. ? O resultado das eleições nos EUA seria outro se Hillary tivesse dragões.

Na opinião de Martin, de todos os seus personagens, o que mais se parece com Trump é Joffrey Baratheon, o garoto sádico que chega ao trono e se transforma na figura mais odiada da série. Para ele, Trump seria como um Joffrey de setenta anos.

? O sistema americano tem seus contrapesos. Muitos republicanos controlam as duas câmaras, mas ainda há uma importante representação democrata. Esperemos que as horríveis políticas propostas por Trump sejam freadas ou modificadas.

O escritor falou também sobre as obras literárias que o inspiraram. Ele admitiu que seu livro de cabeceira é ?O Senhor dos Aneis?, de J.R.R. Tolkien, mas citou também outras obras como ?Don Quixote?, de Miguel de Cervantes, e ?Moby Dick?, de Herman Melville, além de autores como Shakespeare, Edgar Allan Poe, Charles Dickens e Jane Austen.

? São todas grandes histórias ? destacou. Para ele, a qualidade do material permitiu que esses livros fossem para outros suportes, como o cinema e a televisão.

Sobre o final de ?Game of thrones?, Martin não fala muito, é claro. Dá apenas uma dica: ?Gosto de finais agridoces?.

? Não acredito nas histórias felizes nas quais o bem vence o mal. Raramente isso acontece na vida real. E tampouco me parece emocionalmente satisfatório. ?O Senhor dos Anéis? é uma obra brilhante e seu final é perfeito. Não vou dizer como será o meu, mas terá algo de agridoce e algo de feliz.