Cotidiano

Geadas limpam a ferrugem do campo

Toledo – As três geadas intensas e consecutivas registradas no mês de julho na região oeste do Paraná foram benéficas para um segmento no campo. Apesar de terem afetado as lavouras de milho safrinha e de trigo, as hortaliças e até a pastagem, a formação de gelo matou todas as plantas voluntárias ou involuntárias de soja justamente no período de vazio sanitário, que neste ano será de 15 de junho até 10 de setembro.

O vazio obriga a erradicação do cultivo da soja por três meses e, geada após geada, os técnicos e agrônomos da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná) não encontraram nem receberam denúncias de um único pé da oleaginosa na região. Situação bem diferente da vivida em 2016, quando mais de 30 multas e autuações foram aplicadas no oeste.

Isso significa que neste ano, sem o cultivo em período proibido, não há risco do potencial hospedeiro do fungo da ferrugem asiática ter se alojado esperando o momento certo de se proliferar nas lavouras comerciais na safra 2017/2018 que começam a ser cultivadas no próximo mês. A ferrugem pode dizimar lavouras inteiras ou provocar danos irreversíveis com perdas de até 70%.

O agrônomo fiscal de Defesa Agropecuária da Adapar no Núcleo Regional de Cascavel, Leoni Zago, disse que até andou bastante, procurou em muitos lugares para ver se encontrava plantas involuntárias, mas nada foi localizado: “Procurei até no meio da plantação de milho para ver se não tinham plantas protegidas do frio, mas nem isso encontrei”.

O técnico Fábio Moura, da Adapar no Núcleo Regional de Toledo, reconhece que nos 20 municípios de abrangência esta situação se repetiu: “Geralmente recebíamos denúncias, os agrônomos nos informam, mas nada disso ocorreu neste ano”.

O FIM DO VAZIO

O vazio sanitário da soja em 2017 se encerra no dia 10 de setembro, cinco dias antes do período normal. Segundo Leoni Zago, a explicação é bem objetiva: “São vários fatores que determinam isso, entre eles o pedido dos produtores e o adiantamento de pesquisa que revelam que esses cinco dias não vão interferir negativamente no fim do vazio”.

O Deral (Departamento de Economia Rural) de Cascavel e o de Toledo concluem nesta semana as expectativas de área, produção e produtividade para a soja neste ciclo.

Colheita do milho pode chegar a 4,5 milhões de toneladas

Toledo – Com cerca de 80% das lavouras colhidas na região, os produtores encerram até a metade deste mês a retirada do milho safrinha do campo. Apesar de uma quebra estimada até o momento em cerca de 10%, provocada pelo atraso no plantio ocasionado pelo excesso de chuva no início do ano, depois a ocorrência de geadas e ainda a estiagem de quase dois meses na reta final da produção, a região deverá colher cerca de 4,5 milhões de toneladas do grão, produção similar à safrinha do ano passado.

A estimativa inicial de produção para os Núcleos Regionais da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) de Toledo e de Cascavel, em 48 municípios, indicavam mais de 5 milhões de toneladas em 804,5 mil hectares destinados ao cereal neste ciclo. Tanto em uma regional quanto na outra, a quebra estimada até o momento é similar, de 10%.

Somente no Núcleo de Toledo, onde 85% das lavouras já foram colhidas, os 20 municípios acompanhados pelo Deral (Departamento de Economia Rural) cultivaram quase 440 mil hectares. A estimativa inicial de colheita por lá era de 2,637 milhões de toneladas. Já em Cascavel, onde 75% das lavouras foram colhidas em 28 municípios, a estimativa inicial de produção era de 2,372 milhões de toneladas em 365 mil hectares. “Ainda é cedo para trabalhar com perdas mais expressivas, estimamos neste momento algo em torno de 10%, mas este percentual pode aumentar”, afirma o técnico do Deral José Pértille.