Cotidiano

Garcia D'Ávila, a 39ª rua mais cara do mundo

2016 925115747-201607221836280358.jpg_20160722.jpgRIO – Em meio à concorrência com a renovação de diversos shoppings de luxo no Rio, a Rua Garcia D’Ávila, em Ipanema, na Zonal Sul do Rio, continua fazendo jus à fama de ser uma das mais badaladas da cidade. A abertura da grife Hermès, na próxima segunda-feira, é só mais um exemplo do agito que marca um dos espaços mais caros do país, conhecido como ?Quadrilátero do Charme?. De acordo com a consultoria imobiliária Cushman & Wakefield, a rua tem 39º aluguel mais caro do mundo, de R$ 325 mensais por metro quadrado, em média.

Da praia à Lagoa, o polo comercial assiste ao flerte das grandes marcas com o Shopping Leblon e o Village Mall, que prometem o conforto e a segurança do ar-condicionado e do estacionamento. A loja da rua contra-ataca com o argumento de não cobrar taxa de marketing e vender mais se comparados os horários de funcionamento. De um jeito ou de outro, ressalta o diretor do chamado ?Quadrilátero do Charme? (, Bruno Pereira, ativo no cuidado da região desde 2001, ?não dá para congelar a Garcia?:

? O comércio da Garcia é muito vivo, sempre muda. A Cartier saiu dali, entrou outra no lugar. Saiu a Trousseau, veio a Hermès. A NK Store, multimarca de grifes, mudou para onde era a Le Lis Blanc. O Bob’s cedeu metade do espaço para a abertura de uma Adidas (inaugurada na sexta-feira, 15), que já havia estado na rua onde hoje é a Schutz há alguns anos.

O fato é que a concorrência entre os redutos do luxa na cidade está a todo vapor. A Elle Et Lui Maison, por exemplo, está de ?malas prontas? para o Shopping Leblon em troca de uma robusta oferta. A diretora financeira da marca, Rebeca Calixto, explica que se trata de uma restruturação para otimizar as taxas de ocupação e renegociar aluguéis. Nada a reclamar do ponto, ela diz, pertencente à empresa desde os anos 1970.

Em um ano, de acordo com a consultoria, a Garcia perdeu sete posições no ranking dos alugueis premium mundo afora. Mas resiste. Abriga desde dezembro uma loja conceito da Salinas e desde 2000 a da Antonio Bernardo ? a única loja de rua da marca. Ostenta também a sede internacional da H.Stern, fundada em 1983, o primeiro empreendimento da região, que foi âncora para a ascensão local na chegada das grifes de fora, a partir dos anos 1990. Nesta quinta-feira, dia 28, será inaugura na loja da Nike de esquina, a primeira NikeLab latino-americana, com coleções exclusivas dos estilistas Riccardo Tisci, Pedro Lourenço e Kim Jones, até o fim da Olimpíada.

Em paralelo às lojas, a rua ainda tem mais um atrativo: o Museu da Amsterdam Sauer, com a coleção privada de pedras preciosas do fundador, Jules Sauer, e o Workshop Tour da H.Stern, também de graça, que mostra, em 19 idiomas, diferentes as etapas de produção da joia e turmalinas de mil tons diferentes. A Antonio Bernardo montou um ?cofre visitável?, composto por protótipos e peças especiais do ourives. A gerente de mídia da empresa, Mônica Lerina, descarta que o luxo segregue o público: “Tem para todo mundo”.

Que o diga Ivanir Pereira que, há 42 anos, monta sua barraca na calçada das imponentes marcas. Seu carro-chefe são as camisas do Brasil, a R$ 25 para crianças e a R$ 35 para adultos.

? É pobre, é rico. O turista quer mais é souvenir. O mesmo cliente que compra uma joia na H.Stern compra uma camisa do Brasil comigo ? brinca o vendedor.

Desde o roubo à loja da Louis Vuitton, em maio ? quando foram levadas oito bolsos, ocasionando prejuízo de R$ 431 mil ? houve reforço na segurança da rua. Os lojistas se reuniram e decidiram ampliar o número de agentes que atuam 24 horas por dia no local.

(*) Estagiária sob supervisão de Glauce Cavalcanti