Policial

Gaeco de Cascavel investiga prefeito da região

Depósito do mercado da esposa do prefeito foi lacrado na quinta-feira

Cascavel – O suposto envolvimento do prefeito de Santa Lúcia, Adalgizo Cândido de Souza, conhecido como Jasko, em uma série de denúncias feitas pelo setor de estelionatos da 15ª SDP (Subdivisão Policial) de Cascavel, está sendo investigado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial ao Crime Organizado) de Cascavel. A informação foi repassada pelo delegado-adjunto da Polícia Civil, Ademair Braga Junior, a O Paraná.

Segundo Ademair, o prefeito é investigado por envolvimento em um roubo de maquinário em Santa Catarina, descoberto em junho deste ano depois que a PRF (Polícia Rodoviária Federal) apreendeu três máquinas furtadas em Navegantes (SC). Além disso, em uma loja de materiais de construções em Santa Tereza do Oeste, de propriedade do prefeito e seu filho, foram encontradas outras máquinas.

“O setor de estelionatos recebeu várias denúncias do envolvimento do prefeito com esse esquema dos maquinários.Também teria participação no caso dos alimentos adulterados que apreendemos recentemente, e por se tratar de um administrador público, resolvemos repassar para o Gaeco”, disse o delegado.

Outro caso de envolvimento do prefeito Jasko é em relação ao mercado de propriedade de sua esposa, Alice de Souza.

“O nome do administrador não aparece no contrato social e sim de sua esposa, o que demonstra que ele tem envolvimento sim nos crimes imputados durante a operação desencadeada em um supermercado no Bairro Interlagos”.

O depósito do Mercado Jasko, de propriedade da esposa do prefeito, Alice Souza, foi lacrado ontem pela Vigilância Sanitária, Receita Estadual e pelo Setor de Estelionatos da 15ª SDP. No local foram encontrados nas gôndolas produtos vencidos e no depósito o material era armazenado em meio a ratos, bituca de cigarros e baratas.

De acordo com o delegado-adjunto da 15ª SDP, Ademair Braga Junior, existia ainda um “esquema” que fraudava o fisco.

“As máquinas registradoras do mercado não eram interligadas ao sistema e por isso, ao fim do dia, não havia como a Receita contabilizar os impostos. Para demonstrar a movimentação, notas fiscais manuais eram emitidas”. Um dos exemplos citados pelo delegado é que em um dia uma nota era feita no valor de R$ 442 e no outro dia R$ 424, com valores muito parecidos.

Questionado se alguém foi preso durante a operação, o delegado disse que até o momento ninguém foi detido, já que o mercado abriga uma série de funcionários.

“Todos os envolvidos já foram identificados e devem ser ouvidos para prestar os esclarecimentos necessários”.

Dentre os crimes aos quais eles devem responder está o de contra a ordem tributária, devido à sonegação fiscal, e crime de relações de consumo. No local foram apreendidos cerca de 90 quilos de carne e outros produtos que serão destruídos.

Jasko nega participação em esquema

O prefeito Adalgizo Cândido de Souza, o Jasko, foi procurado pela reportagem, e afirmou ainda não ter sido notificado pela Polícia Civil sobre a apreensão em seu supermercado. No entanto, confirmou que o contrato social da empresa lacrada está em nome de sua esposa, Alice de Souza.

Sobre a ação de ontem, Jasko afirmou precisar se “informar sobre o que aconteceu”.

“Como estou em Santa Lúcia, ainda não sei qual a situação. Só pode ser algum tipo de brincadeira, porque sempre fiz minhas coisas ‘certinhas’. Mas a polícia ainda não me procurou”, frisou o prefeito.

Jasko também é investigado pelo suposto envolvimento no roubo de maquinário, em Santa Catarina. Segundo a denúncia, o grupo seria liderado pelo prefeito. As máquinas eram locadas no estado vizinho e nunca mais eram devolvidas. Um dos equipamentos roubados foi encontrado em uma loja de materiais de construção, de propriedade do prefeito, em Santa Tereza do Oeste.

Neste caso, Adalgizo alegou ter sido lesado. Ele comprou o maquinário e posteriormente descobriu a procedência. O prefeito afirmou que levou um prejuízo superior a R$ 20 mil.

“Eu comprei este maquinário de um senhor de Curitiba. Tenho contrato e tudo mais. Depois fui informado que este grupo alugava as máquinas em Santa Catarina e revendia aqui. Neste caso, eu fui uma vítima. Mas isso tudo ainda está para ser esclarecido. Ainda não fui intimado para prestar depoimento”.