Cotidiano

Gabinete virou 'muro de lamentações', diz líder do DEM

BRASÍLIA – Alvejado por boa parte dos deputados da base do governo, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) também entrou na mira, nesta segunda-feira, do líder do DEM, Pauderney Avelino (AM), responsável por indicar Lorenzoni para a relatoria do projeto das 10 medidas de combate à corrupção.

Correligionário do relator, Avelino criticou de forma sutil o deputado, ao dizer que as reclamações sobre o texto aprovado foram generalizadas, e seu gabinete virou um “muro de lamentações” para parlamentares, integrantes do MP, da PF, e até da OAB.

– Resguardado o respeito que tenho pelo deputado Onyx, o meu gabinete se transformou numa espécie de muro de lamentações. Para cá convergem reclamações do Ministério Público, as reclamações de delegados da Polícia Federal, da OAB, de partidos, de deputados – disse o líder, afirmando porém que a matéria é realmente polêmica:

– Entendemos que realmente é uma matéria difícil, complicada, mas que precisamos trazer à pauta e votarmos essa matéria.

Desde a semana passada, quando cresceram as articulações de líderes para a inclusão de emenda que anistia o caixa dois e crimes correlatos, e diante de mudanças repentinas no texto de Lorenzoni, o líder do DEM vinha sendo criticado, acusado de não ser capaz de “controlar” o deputado. Hoje, Pauderney Avelino se manifestou contrário também à inclusão no texto da figura do “corretor de propina”, que prevê remuneração para denunciantes. Esse ponto não constava do pacote do Ministério Público e foi incluído pelo relator.

– A questão do delator que ganha dinheiro para delatar, esse é um ponto (que pode ser derrubado no plenário). Tem até apelido, o “corretor de propina”, e é uma matéria que não está madura, não veio nas 10 medidas, isso foi introduzido pelo relator.

TEMER COLOCOU ‘ÁGUA FRIA NA FERVURA’

Avelino esteve na tarde de hoje na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), onde o presidente reafirmou que todas as votações do pacote anticorrupção serão nominais, quando é possível saber como vota cada deputado. Ele afirmou ainda que é contra emenda que será apresentada pelo PDT – que prevê a possibilidade de serem acusados de crime de responsabilidade juízes e promotores -, mas disse que a proposta tem “capilaridade” na Câmara e no Senado.

– Há uma certa capilaridade aqui na Casa e no Senado para se aprovar isso, mas acho que esse assunto foi trazido para as 10 medidas num momento inoportuno, mas oportuno também que o relator tenha retirado do texto. Nós não seremos os agentes para trazer o crime de responsabilidade a procuradores e juízes, até entendo que há inconstitucionalidade nessa medida – afirmou.

Sobre a anistia ao caixa dois e outros crimes cometidos antes da aprovação do projeto, o líder do DEM disse não acreditar que outra ofensiva sobre o tema prospere na Câmara.

– Não acredito que apareça. Se aparecer acho que não passa no plenário, mas não acredito que venha a ser apresentado.

Para ele, a manifestação do presidente Michel Temer sobre o assunto, de que vetaria qualquer proposta de anistia que eventualmente seja aprovada no Congresso, colocou “água fria na fervura” e acabou com o que chamou de boatos a respeito do assunto.

– O presidente Michel Temer colocou água fria na fervura, havia um zum zum zum muito grande, uma boataria que não se consumou, e isso já atenua de forma considerável os boatos,