Cotidiano

G-20 promete fortalecer instrumentos de defesa contra efeitos do Brexit

PEQUIM – As principais economias do mundo se comprometaram a aumentar esforços para impulsionar o crescimento global e compartilhar benefícios mais amplamente, indicaram os principais responsáveis pelas políticas econômicas das nações que compõem o G-20 neste sábado em meio a debates para lidar com consequências do referendo que definiu a saída do Reino Unido da União Europeia e conter o descontentamento com a globalização.

Os ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais do grupo se reúnem na cidade chinesa de Chengdu durante o fim de semana para discutir soluções para desafios globais intensificados pelo Brexit. O espectro do protecionismo, ampliado pela retórica e visão do candidato à presidência dos Estados Unidos a favor da saída de acordos comerciais, Donald Trump, também é pauta na rodada de debates.

?A recuperação continua, mas permanece mais fraca do que o desejável. Enquanto isso, os benefícios do crescimento precisam ser compartilhados mais amplamente dentro dos países para promover inclusão?, indica um rascunho do comunicado elaborado pelos ministros do G-20 ao qual a Reuters teve acesso.

O esboço, que ainda está sujeito a mudanças até a divulgação oficial ao fim do encontro, atesta que o Brexit acrescenta incerteza à economia global, mas os integrantes do G-20 estão ?bem posicionados para lidar proativamente com as possíveis consequências econômicas e financeiras?.

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Jack Lew, afirmou que é importante para os países do G-20 fomentar o crescimento compartilhado através de todas as ferramentas, inclusive instrumentos de políticas monetária e fiscal, bem como reformas estruturais, para aumentar a eficiência.

? Este é um tempo importante para todos nós redobrarmos nossos esforços para usar todas as ferramentas de política que temos para impulsionar o crescimento compartilhado ? disse a autoridade à imprensa.

O ministro das Finanças da China, Lou Jiwei, pediu mais coordenação para promover o crescimento sustentável, já que medidas fiscais e monetárias têm se tornado cada vez menos eficientes.

? Os países do G-20 devem aumentar a comunicação e coordenação entre políticas, formar consensos políticos e guiar as expectativas do mercado, tornando a política monetária mais avançadas e transparantes e aumentar a efetividade da política fiscal ? disse Lou.

BREXIT

O encontro do G-20 é o primeiro do gênero desde o referendo do Brexit e, portanto, é a estreia do novo ministro das Finanças britânico, Philip Hammond, que enfrentou questionamentos sobre o quão rápido o Reino Unido planeja avançar com negociações formais para deixar a União Europeia. Muitos países têm demonstrado preocupação frente à possível demora, o que elevaria ainda mais a incerteza da economia global.

Este semana, o Fundo Monetário Internacional esta semana cortou as projeções de crescimento global devido ao Brexit. Dados divulgados na sexta-feira intensificaram tais preocupações, com o índice da atividade do setor de serviços registrando a maior queda em seus 20 anos de História.

? Espero que haja esclarecimentos sobre o tempo e procedimento do divórcio. Quanto mais cedo, melhor, pois gera um novo equilíbrio ? afirmou o ministro da Economia italiano, Pier Carlo Padoan à Reuters.

O ministro das Finanças da França, Michel Sapin, afirmou que mesmo que o Reino Unido não esteja preparado para a saída, o tempo de resposta não deve ser indefinido. Já o titular alemão das Finanças, Wolfgang Schaeuble disse que não deve cair sobre outros países gastos maiores para amortecer a saída do Reino Unido:

? Acredito que é uma questão que os próprios britânicos precisam resolver ? disse.

MERCADO DE CÂMBIO

Lew, em reunião com o ministro japonês Taro Aso, reiterou a necessidade dos membros do G-20 de conter desvalorizações cambiais competitivas, como acordado pelo grupo em fevereiro. Considerado como porto seguro em tempos de turbulência nos mercados, o iene se fortaleceu para cerca de 100 ienes por dólar após o referendo do Brexit no fim de junho.

Os mercados especulam sobre uma futura expansão do programa de estímulo do Banco Central do Japão na revisão da política monetária planejada para 28 e 29 de julho, com o fortalecimento do iene este ano atingindo exportações e minando esforços para escapar da deflação.

O presidente do Banco do Japão, Haruhiko Kuroda, afirmou que poderia afrouxar a política monetária no futuro caso seja necessário para atingir a meta de 2% de inflação.