Cotidiano

Fusão Bayer-Monsanto desperta a ira do Incrível Hulk

264188414_1-6.jpg

BRUXELAS – As empresas Bayer e Monsanto nunca imaginaram que teriam de enfrentar o Incrível Hulk para conseguir que os órgãos antitruste da União Europeia e dos Estados Unidos aprovem uma possível fusão das duas gigantes. O ator Mark Ruffalo, que interpretou o gigante verde em dois filmes da saga “Os Vingadores”, da Marvel, foi um dos muitos que pediram à Comissária Antitruste da UE, Margrethe Vestager, e à procuradora-geral do Departamento de Justiça americano, Loretta Lynch, que “freiem esta #fusãodoinferno” com centenas de tuítes este mês.

A Bayer está cada vez mais perto de adquirir a Monsanto em um acordo que criaria a maior produta de sementes e pesticidas do mundo, informaram fontes do setor nesta terça-fera. É possível que um acordo seja definido nas próximas duas semanas, o que abriria caminho para que as empresas comecem a buscar a aprovação dos órgãos antimonopólio ? um processo que poderia ser longo.

O diretor de ciência de cultivo da Bayer, Liam Condon, minimizou a análise dos órgãos antitruste em junho, quando disse ao jornal “Frankfurter Allgemeine Zeitung” que as empresas tinham uma carteira de produtos em preparação e redes de distribuição regional “altamente complementares”. Os possíveis problemas de concorrência poderiam exigir a venda de pequenos departamentos, disse ele.

OPOSIÇÃO

No entanto, grupos de ecologistas e de defesa do consumidor convocam os reguladores a bloquear diretamente a operação. Integrantes do Parlamento Europeu criaram petições na internet em que afirmam que a transação “dominaria o mercado de sementes na Europa” e limitaria as opções em uma indústria já concentrada.

O acordo entre as duas empresas seria firmado após duas outras grandes fusões mulimilionárias na indústria agrícola: a compra da suíça Syngenta pela estatal chinesa ChemChina, por US$ 43 bilhões, e a união entre Dow Chemical e DuPont, que criou a maior empresa de produtos químicos do mundo.

Brandon Mitchener, porta-voz da Monsanto em Bruxelas, minimizou as críticas dos grupos opositores.

“Falando hipoteticamente, custa ver como a aquisição de uma empresa cujas sementes ajudam a alimentar o mundo por outra cujos produtos ajudam a nos manter saudáveis por mais tempo poderia ser menos que sagrada”, disse Mitchener.

INVESTIGAÇÃO

A oposição dos ecologistas não é nada novo para Bayer ou Monsanto. Os europeus em campanha instaram aos reguladores a deter a produção de plantas geneticamente modificadas desenvolvidas por ambas as companhias. O Greenpeach também exigiu à Bayer que pare de vender pesticidas que, segundo a organização, prejudicam as abelhas e pediu a proibição do herbicida Roundup, da Monsanto.

Como mínimo, o acordo entre Bayer e Monsanto poderia ser alvo de uma investigação exaustiva da UE, o que poderia durar cerca de seis meses para compilar evidências de rivais e clientes. Depois, os órgãos reguladores poderiam exigir que as empresas enfrentem qualquer problema possível com vendas ou mudanças de conduta no futuro, o que poderia habilitar a operação.

Um modelo possível é a investigação exaustiva que fez a UE em torno da fusão Dow/DuPont. Este mês, os reguladores mencionaram pontos específicos com relação a produtos para vermes, desenvolvimento de fungicidas, licenciamento de tecnologias de edição de genes, a forma de venda de produtos para proteger culturas e sementes e os produtos petroquímicos especializados empregados em contêineres.