Cotidiano

Funcionários dos Correios iniciam greve por tempo indeterminado no Paraná

Os funcionários dos Correios do Paraná estão em greve por tempo indeterminado desde a noite de quarta-feira (26). A paralisação ocorre em apoio ao movimento nacional da categoria.

A greve é contra a privatização, demissões e retiradas de direitos, além do fechamento de mais de 200 agências no país, segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect).

Em todo o Paraná são 6,3 mil trabalhadores nos Correios. Até a manhã desta quinta (27), 80% da categoria tinha aderido ao movimento grevista, segundo o sindicato dos trabalhadores. Em Curitiba, eles estão reunidos em frente à sede da empresa que fica na Rua João Negrão, no Centro.

Em Foz do Iguaçu, no oeste, o sindicato da categoria informou que cerca de 150 funcionários – o equivalente a 80% do total – aderiram à greve nesta quinta. Por conta disso, pela manhã uma das cinco agências permanecia fechada na cidade: a agência internacional, na Avenida JK.

Os Correios afirmam, por outro lado, que a instituição funciona normalmente em todo o Brasil e que a mobilização atinge, principalmente, a parte operacional. No Paraná, de acordo com os Correios, 90,69% do efetivo cumpre jornada normal de trabalho.

Os funcionários das agências franqueadas, que são terceirizados, não participam da greve. Em todo o país, a empresa possui atualmente cerca de 6.500 agências próprias, além de mais de 1 mil franqueadas.

Nota dos Correios

Os Correios estão operando normalmente em todos os Estados. A paralisação parcial dos trabalhadores dos Correios, que ocorre nesta quinta-feira (27), não afeta o atendimento à população. As agências estão abertas em todas as regiões do país e serviços como SEDEX e Banco Postal estão disponíveis. Somente os serviços com hora marcada (SEDEX 10, SEDEX 12 e SEDEX Hoje) estão suspensos.

O movimento concentra-se, principalmente, na área operacional. Mesmo assim, em algumas unidades, muitos empregados estão sendo impedidos, pelos sindicatos, de entrar em seus locais de trabalho. Os Correios já estão adotando as medidas necessárias, inclusive jurídicas, para resolver esses casos pontuais.

Levantamento parcial realizado na manhã de hoje mostra que 86,31% do efetivo total dos Correios no Brasil está presente e trabalhando – essa número é apurado por meio de sistema eletrônico de presença. No Paraná, 90,69% do efetivo cumpre jornada normal de trabalho.

Negociação — Apesar de a greve ser um direito do trabalhador, a empresa esclarece que está cumprindo todas as cláusulas do Acordo Coletivo vigente e que considera a paralisação, neste momento delicado pelo qual passam os Correios, um ato de irresponsabilidade, uma vez que está e sempre esteve aberta ao diálogo com as representações dos trabalhadores.

Os Correios esclarecem, ainda, que o movimento sindical reivindica, entre outras medidas, as reformas da Previdência e Trabalhista, que são temas de cunho constitucional e de políticas governamentais dos quais os Correios não possuem governabilidade, não havendo qualquer possibilidade de eles serem objetos de pautas de negociações entre a empresa e as entidades representativas dos empregados.

Crise nos Correios

Os Correios enfrentam uma severa crise econômica e medidas para reduzir gastos e melhorar a lucratividade da estatal estão em pauta. O presidente dos Correios, Guilherme Campos, afirmou que a estatal teve um prejuízo estimado de R$ 400 milhões no primeiro trimestre, após ter tido prejuízo anual de cerca de R$ 2 bilhões em 2015 e em 2016. Ele disse ainda que a empresa não tem condições de arcar com sua folha de pagamentos e que demissões de servidores concursados estão em pauta.

A estatal não tem contatações há vários anos – o último concurso foi realizado em 2011.

Em 2016, os Correios anunciaram um Programa de Demissão Incentivada (PDI) e pretendia atingir a meta de 8 mil servidores, mas apenas 5,5 mil aderiram ao programa. “A economia com esses 5,5 mil é de R$ 700 milhões anuais e essa marca alcançada com o PDI fica aquém da necessidade da empresa. Precisamos ter outras ações para enxugamento da máquina da empresa”, afirmou Campos no dia 20 de abril.

Os Correios planejam também fechar cerca de 200 agências neste ano, além de uma série de medidas de redução de custos e de reestruturação da folha de pagamentos. Segundo os Correios, o fechamento dessas agências acontecerá sobretudo nos grandes centros urbanos.

Para Campos, outro ponto fundamental para reestruturar o orçamento dos Correios é encontrar um novo formato para o plano de saúde dos funcionários dos Correios, o Postal Saúde. Segundo ele, esse custeio é o responsável pela maior parte do déficit registrado nos últimos anos.

Pelo modelo, a estatal arca com 93% dos custos dos planos de saúde e os funcionários com 7%. “Estamos negociando com os trabalhadores, com os sindicatos, buscando uma alternativa. Nos moldes que está é impossível de ser mantido”, diz.