Cotidiano

Frota cresce 82% e região tem quase 900 mil veículos

Algumas cidades ainda buscam alternativas para comportar tantos carros indo e vindo

Toledo – A estrutura das cidades permanece praticamente a mesma na última década. As regiões centrais ficaram impedidas de ser expandidas, as ruas de serem alargadas, então a saída foi transformar vias de mãos duplas em binários para tentar agilizar o trânsito e dar-lhe mais fluidez, principalmente em horários de pico em cidades como Cascavel, Toledo e Foz do Iguaçu.

Longe de consideradas cidades de grande porte, mas possuem trânsitos tão complicados quanto aos de centros maiores, principalmente nas áreas mais centrais e nos horários de pico.

Embora antagônico, tudo isso pode ser sinônimo de desenvolvimento. “Com mais dinheiro no bolso há alguns anos, as pessoas aproveitaram para comprar seu carro próprio, foram muitas facilitações com bancos que ofereciam dinheiro a rodo para isso, a redução do IPI em alguns casos e a eliminação do imposto para outros. No fim da década passada e no começo da atual, muitas pessoas compraram um carro, o que também foi sinônimo de independência porque deixaram de depender de ônibus e hoje esses veículos estão aí, todos na rua”, afirma o economista José de Souza.

E, apesar da crise que se estende por pelo menos dois anos, o carro continua sendo um item de primeira necessidade e a frota, apesar de um crescimento menor, não deixa de avançar.

Há de se concordar que é difícil deixá-lo na garagem e buscar meios alternativos de transporte e a pergunta é, como acomodar todos pelas ruas com respeito e a tão sonhada agilidade?

Região tem três veículos para cada dois habitantes

Cascavel – A frota regional cresceu impressionantes 82% nos últimos dez anos. Nas 50 cidades do oeste do Paraná, ela saltou de 486.467 em dezembro de 2017 para incríveis 884.523 mês passado, segundo dados do Detran-PR. Isso significa que há no oeste três veículos para cada dois habitantes.

Para a chefe da Ciretran de Cascavel, Mari Besing, esse crescimento da frota e o aumento da demanda da utilização das vias têm elevado a preocupação dos gestores que buscam equacionar os problemas por meio de políticas públicas e campanhas educativas que proporcionem mais segurança, mobilidade e conforto.

Mas na prática esta realidade é mais difícil de ser sentida. “Basta percorrer um ou dois quilômetros e a gente logo percebe quanta gente furiosa, furando o sinal, ultrapassando os limites de velocidade, cortando a frente dos outros. A falta de respeito é impressionante”, afirma o motorista Pedro Luiz que está na profissão há 30 anos.

Mas a chefe da Ciretran reconhece que é sabido que grandes centros urbanos como Cidade do México, Nova York, São Paulo e tantas outras têm sido desafiadas na ocupação das vias. “Em face ao acordo estabelecido pela ONU, com objetivo de reduzir o número de vítimas, os estados têm buscado na educação a solução dos problemas, a curto e médio prazo, criados pelo aumento das frotas. Desta forma, atuando fortemente na prevenção do caos urbano”, afirma.

Sobre a conscientização dos condutores, a chefe da Ciretran destaca que o “o Detran Paraná têm se dedicado na conscientização dos condutores por meio de campanhas educativas de grande impacto, como ocorrem no Maio Amarelo e Semana Nacional do Trânsito e também por meio de ações educativas, palestras, blitz e cursos ao longo do ano”. “Além disso, em novembro de 2016, a legislação ficou mais rígida em termos de fiscalização, penalização e conscientização do compartilhamento do espaço público”.

Mas ela reconhece que um grande número de municípios ainda não se encontra devidamente preparado, “mas que estão se planejando para suportar esse crescimento”.

Na contramão das quatro rodas

O enfermeiro Eraldo Teles tem carro, mas está parado na garagem e só é usado em dias de chuva muito forte. Fora isso, ele resolveu fazer um caminho inverso. Deixar o veículo em casa e embarcar na onda do pedal. A bicicleta se transformou na fiel companheira de todas as horas. “Uso a bicicleta para tudo e não é de hoje, já que agora se tornou moda. Sempre preferi a magrela porque posso cuidar da saúde, economizar com o combustível e preservar o meio ambiente”, afirmou o enfermeiro, que aproveita para tomar banho no trabalho, depois dos 40 minutos de pedalada.

A bicicleta se tornou um meio de transporte vantajoso para moradores em algumas cidades da região como Cascavel, Toledo e Marechal Rondon, que investiram até em percursos exclusivos com ciclovias que garantem mais segurança e comodidade para quem gosta de pedalar.

Em Marechal Cândido Rondon, por exemplo, uma campanha incentiva o uso da bicicleta para tudo. O projeto lançado mês passado quer expandir a ideia de ir de bike para lá e para cá, nos momentos de lazer e de trabalho, sozinho, com os amigos ou a família e de forma segura, saudável e sustentável. O Município lá espera, quem sabe, que parte dos 40,5 mil veículos com placadas daquela cidade passem a disputar menos espaço entre si, dando lugar a um meio de transporte econômico e completamente viável.