Cotidiano

Fronteira: Brasil prorroga fechamento e Paraguai enfatiza negociação

A ponte que liga Foz do Iguaçu a Cidade do Leste está fechada desde 18 de março devido à pandemia do novo coronavírus

Fronteira: Brasil prorroga fechamento e Paraguai enfatiza negociação

Foz do Iguaçu – A tão esperada e discutida reabertura da fronteira entre Brasil e Paraguai ganha um novo capítulo. A semana que começou com a promessa de uma possível reabertura da Ponte da Amizade na próxima terça (29) termina com novo decreto do governo brasileiro, prorrogando a travessia terrestre por mais 30 dias. A ponte que liga Foz do Iguaçu a Cidade do Leste está fechada desde 18 de março devido à pandemia do novo coronavírus.

O chanceler nacional do Paraguai, Antonio Rivas Palacios, afirmou nessa sexta (25) que a medida do governo brasileiro permite maior prazo para as negociações da reabertura. Ele ressaltou que isso deve acontecer em uma conversa – ainda pendente – entre os presidentes Mario Abdo Benítez (Paraguai) e Jair Bolsonaro (Brasil).

A expectativa geral era de que o país vizinho publicasse na terça um decreto com as novas normas para a abertura da fronteira, mas, pelo tom do chanceler, isso só deve acontecer após a negociação entre os governos.

Do lado de cá da fronteira, as autoridades temem nova mobilização nos próximos dias. “O governo paraguaio anunciou a reabertura como se já houve acordo com o Brasil. As pessoas acreditaram que isso fosse acontecer de imediato… Se não houver no decreto paraguaio pelo menos essa cláusula de reciprocidade, que permite o trânsito dos fronteiriços e começa a movimentar o comércio e demonstra boa vontade do lado paraguaio, podemos ter uma nova mobilização e ainda mais radical do que a última”, alerta o presidente do Codefoz (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Foz do Iguaçu), Mario Camargo. “Os entendimentos para a reabertura da nossa fronteira estão sendo prejudicados pela retórica e o populismo. Podemos retomar o trânsito para fronteiriços imediatamente, de forma segura e gradual, basta o Paraguai querer”, enfatiza.

Colapso na saúde

O secretário de Turismo de Foz do Iguaçu, Gilmar Piolla, defende a reabertura gradual, monitorada e segura, pois teme o colapso do sistema de saúde brasileiro em uma possível abertura total. “O Paraguai não apresentou ainda um protocolo para a reabertura, não informou se existe ou se será montada do outro lado uma estrutura de saúde para atender a população em caso de aumento de infecção pela covid-19. Por isso é que defendemos há algum tempo a retomada de forma gradual: primeiro os fronteiriços e, com avaliação da situação, ir ampliando essa reabertura. O que tememos é uma abertura total sem esse controle e o aumento da demanda por estrutura de saúde [brasileira], que já está com uma lotação alta em Foz e que venha a colapsar nosso sistema de saúde. Por isso, tudo precisa ser feito com muita responsabilidade”, enfatiza.