Cotidiano

Freixo diz que não divulga agendas na Zona Oeste por questão de segurança

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RIO – O candidato do PSOL a prefeito do Rio, tem evitado divulgar idas à Zona Oeste da cidade, e mesmo deixado de ir a algumas localidades da cidade durante a campanha por falta de segurança. Em entrevista nesta terça-feira ao “RJ-TV”, da Rede Globo, ele foi perguntado por que apenas seis visitas à Zona Oeste estavam em sua agenda desde o início da campanha, e respondeu que sua atuação como deputado estadual o deixou como alvo em algumas áreas.

– Fui presidente da CPI das Milícias, que age na Zona Oeste. Enfrntei uma das piores máfias do Rio. Nem todo lugar da Zona Oeste eu posso ir, por segurança. Nem toda agenda da Zona Oeste eu posso divulgar. Eu não posso avisar que vou a Campo Grande em determinado horário. Seria pôr em risco quem me acompanha. Não posso divulgar porque a milícia ainda comanda muitas áreas na Zona Oeste, porque este governo é conivente com as milícias – disse Freixo.

Questionado sobre os números da educação na única cidade administrada pelo PSOL no Brasil, Itaocara, no Noroeste do estado do Rio, Freixo defendeu a gestão do prefeito Gelsimar Gonzaga, candidato à reeleição. Na mais recente divulgação do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), que avalia o desempenho das escolas em todo o Brasil, a nota média das escolas municipais de Itaocara, no segmento do Ensino Fundamental, ficou em 3,7, quando a meta era de 4,7. Freixo defendeu o único caso de governo municipal do PSOL no país atualmente e questionou a metodologia do Ideb:

– Considerando todos os segmentos, Itaocara saiu do 42º lugar (entre os municípios do estado do Rio) para o 15º. Este é o dado mais completo. O Ideb não está acima do bem e do mal. É uma lógica de avaliação externa, que não leva em conta a realidade dos professores, com uma metodologia questionada por diversos educadoras de ponta. Mas Itaocara pode e deve melhorar a educação – disse Freixo, defendendo a gestão de Gelsimar Gonzaga. – É um ex-cortador de cana que enfrentou a máfia do lixo, deu passe livre (nos ônibus) aos estudantes, e enfrenta forte oposição na Câmara dos Vereadores: dos 11, só um é do PSOL, os outros dez são ligados ao Garotinho ou ao PMDB. Ainda assim, vai ser reeleito, porque melhorou a qualidade de vida da população.

DOAÇÃO DE EMPRESA EM 2012 E APOIO A DILMA EM 2014

Na sua campanha a prefeito em 2012, Freixo recebeu uma doação de R$ 120 mil da empresa Victor Hugo Demolições, que depois participou da demolição de casas na Vila Autódromo, dentro das remoções feitas pela prefeitura do Rio para abrir espaço para obras olímpicas. O candidato justificou que na época a remoção da Vila Autódromo não estava em pauta.

– Em 2012, não havia demolição da Vila Autódromo em pauta. Naquela campanha, tivemos 320 doações, só três delas de empresa. Uma delas, da Victor Hugo Demolições, que chegou até a gente através de um candidato a vereador. Não havia nada de ilegal, não havia nada que impedisse de aceitar (a doação). Em 2014, o PSOL se antecipou à lei que está em vigor agora e já não aceitamos doações de empresas. O tempo todo estive do lado dos moradores da Vila Autódromo, não há incoerência.

O psolista foi cobrado ainda por ter apoiado a presidente Dilma Rousseff (PT) no segundo turno da eleição presidencial de 2014, mesmo após várias condenações de dirigentes do PT nos casos do mensalão e do petrolão.

– Eu saí do PT e fui para o PSOL, bem antes do mensalão. O PSOL saiu do governo quando o PT decidiu governar com Renan Calheiros, Sarney, Collor… Nós decidimos que isso não nos representava e fundamos o PSOL. Em 2014, nós tivemos candidato a presidente (Luciana Genro), não apoiamos a Dilma. Só no segundo turno, é diferente. E, com o PT eleito, nós fomos oposição ao governo do PT – disse Freixo. – Defendo que todo mundo seja investigado, e que a Justiça não pode ser seletiva. O Ministério Público tem de investigar todos, com base em provas e não em convicções.